Lugar Feliz – Emily Henry – Estante Diagonal

Harriet e Wyn, se conheceram na faculdade, e foi impossível resistir a atração que os mantinham fissurado um no outro, juntos eles eram perfeitos, o tipo de casal que faz com que acreditemos no amor, ao longo dos anos construíram um relacionamento sólido, de muito amor e apoio. No entanto, à medida que o tempo passou e alguns problemas aconteceram, fissuras foram abertas, e Wyn não viu outro caminho a não ser romper o noivado. Rompimento esse que foi tratado como um segredo, até mesmo dos amigos mais próximos e apoiadores deste casal, criando um inevitável desconforto quando após cinco meses são colocados cara a cara e para dividirem o mesmo quarto na mansão do Maine, onde seu grupo de amigos passam férias há uma década, seu LUGAR FELIZ, o local que tanto significa para todos.

Seria muito fácil apenas contar a todos e acabar com a mentira, não seria? O problema é que a mansão está à venda, e esta pode ser a última férias que eles poderão passar ali, todos juntos, reunidos no lugar onde compartilharam tantas coisas. Além disto, Sabrina tem uma novidade e eles não querem acabar com as férias de suas pessoas favoritas. Um trato é firmado, eles irão fingir que ainda estão juntos, uma mentira que com certeza será fácil de manter… eles só precisam ignorar a atração que ainda sentem, o fato de não terem conversado e colocado de fato um ponto final amigável e os resquícios de amor que eles compartilharam e ainda compartilham.

“(…) Eu sabia que a única coisa mais dolorosa que ficar sem ele seria ficar juntos sabendo que eu já não o tinha mais de verdade.”

Harriet, é uma brilhante residente de medicina, mantém uma vida agitada, sempre envolvida em plantões, o que a distância ainda mais de Wyn, que precisou se afastar devido a questões familiares. A distância geográfica se soma à desconexão emocional, deixando-os cientes de que algo se perdeu entre eles. O rompimento físico foi apenas um grito diante da forma como eles estavam guiando suas vidas, movidas pelos motivos errados e o tempo longe pode tê-los modificado, e agora juntos novamente, precisando conviver mais uma vez, talvez eles tenham coisas para aprender um sobre o outro e assim quem sabe se redescobrirem.

“Lugar Feliz” nos transporta por essa jornada de redescoberta, mostrando como Harriet se dedicou tanto a agradar aos outros que esqueceu de perseguir sua própria felicidade. Wyn, um homem admirável, muitas vezes se perde na própria devoção por Harriet, esquecendo-se de si mesmo. O término do noivado representa um novo começo, uma chance para se encontrarem como indivíduos, explorarem novas paixões e reavivarem suas identidades perdidas. Mas se engana quem pensa que o livro se limita a um romance clichê, se você permitir que a autora converse com você nas entrelinhas, nos pequenos detalhes e conversas que parecem triviais, vai encontrar uma obra que aborda temas como amizade, família, amor, segundas chances, luto e depressão. Ela habilmente nos guia por uma montanha-russa de emoções, nos fazendo sorrir, torcer e, acima de tudo, nos apaixonar pelos personagens. É uma história de segundas chances, de reencontro consigo mesmo e com o verdadeiro significado da felicidade.

(…) Acho que antes eu pensava que ia existir um momento ou um lugar perfeito. Mas agora acho que, se você quer estar com alguém de verdade, é melhor não esperar até as coisas estarem perfeitas.”

O único ponto que me incomodou, foi uma sensação que me acompanhou ao longo de toda a leitura, de que tudo poderia ser resolvido com uma conversa, se os protagonistas tivessem parado por cinco minutos e apenas dito o que se passava em suas cabeças, como se sentiam, todo o drama ao redor da relação deles não existiria. Mas daí, também não teríamos todo o amadurecimento e crescimento deles ao longo da narrativa. Por isso, não chegou a ser algo que realmente afetou minha experiência de leitura, mas eu achei importante destacar.

Por fim, destaco que “Lugar Feliz” de modo geral é um convite para refletir sobre a importância de buscar a própria realização e encontrar um equilíbrio entre amar alguém e preservar a individualidade. Deixo aqui minha forte recomendação de leitura.