A Biblioteca dos Sonhos Secretos – Michiko Aoyama

Quem nunca achou que bibliotecas são, nada mais ou nada menos que: MÁGICAS? Onde escritos antigos e novos coexistem na mais perfeita harmonia, onde tem espaço para receitas, informática, cartas de amor de tempos antigos e outras culturas. Agora imagine o quão interessante pode ser, para você leitor, deparar-se com um livro que, graciosamente, nos leva a cada seção desta biblioteca. Onde uma senhora com seu artesanato sabe exatamente o que nos indicar, não para que num passe de mágica saibamos o que fazer, mas para que, com calma e uma leitura às vezes tida como “simples”, redescobrimos algo sobre nós mesmos.

Seja, então, muitíssimo bem-vindo A Biblioteca dos Sonhos Secretos.

Um livro onde contos são interligados, nos dando a deixa de conhecer: Tomoka, uma vendedora em loja de roupas, cuja vida não está conforme ela esperava que estivesse. Morando sozinha, sem ânimo para fazer suas próprias refeições e infeliz com um emprego que a mesma acha “pequeno”. Conhecemos também Ryo, Natsumi, Hiroya e Masao. Cada qual passando por algum momento de sua vida onde talvez uma mudança seja necessária, nem que seja para ser grato ao que eles têm por ora.

Histórias do cotidiano, não vá esperando uma real magia acontecer. Com personagens desde jovens a idosos aposentados, somos transportados a cada página para o dia a dia dessas pessoas, nos identificando com uns mais que com outros, mas sobretudo, esperando atentos pelo o que tocará cada um a ponto de mudá-los para que possam abrir os olhos e voltar a viver.

Se você já está habituado a literatura japonesa, inclusive essas hoje em dia vendidas como “literatura de cura”, não se decepcionará com a leitura. Caso seja novo nesse ramo e está buscando um livro tranquilo e muito levinho de começar, esse de contos interligados é a pedida certa, podendo ser lido por dias a fio — sendo assim um para cada personagem, totalizando em cinco dias —, ou numa tacada só, sentado na varanda ou no seu local de conforto na hora que melhor lhe apetece.

Admito que, pra mim, foi o livro de uma tacada só. A cada conto queria saber o que motivaria a próxima história, e como cada uma das personagens acabaria na biblioteca recebendo um brinde com o livro — brinde este que, ao decorrer da leitura me deixou curiosa com a escolha, e com uma leve vontade de tentar aprender a arte da feltragem.

Então se serve para alertar sua intuição, talvez esse seja o sinal que você precisava para começar o quanto antes essa leitura, conhecendo assim uma autora com 1 milhão de livros vendidos; Michiko Aoyama. Caso já conheça outros livros da autora, aceito também indicações nos comentários!

“Mas na realidade, eu não faço nada. Cada um encontra um significado próprio no brinde que dou de presente. O mesmo acontece com os livros. Os leitores fazem suas próprias conexões com as palavras, independentemente da intenção do autor. Assim, cada leitor obtém algo único.”

E como o trecho acima é muito perspicaz e verdadeiro, deixo aqui minha opinião sobre o livro. Leve, rápido, com personagens com backgrounds mais interessantes que outros. Meus preferidos foram os de Tomoka, o primeiro. E Masao, o último conto, que além de fechar o livro com chave de ouro, ainda nos entrega diálogos de um idoso aposentado que busca uma nova forma de lidar com sua família, de autoconhecimento e de descobertas.

Mas e você, o que procura? Espero que, ao ler esse livro, você também encontre o que busca, mesmo que sequer saiba ainda o que pode ser!