Eu sempre fui fissurada por histórias e acontecimentos referentes à Segunda Guerra Mundial. Depois de tantos filmes, séries, livros, eu fico abismada em como um momento tão sombrio da história da humanidade continua a render bom conteúdo. No caso de Oppenheimer não estamos falando de um filme bom, apenas. É uma história magnífica, e o fato de ser quase tudo verídico, deixa tudo mais interessante. Simplesmente não vi as quase três horas de filme passarem.

Já havíamos assistidos a filmes deste período retratando histórias diversas: Superação, batalhas, histórias pessoais até então anônimas, generais, judeus, nazistas e até mesmo do próprio Hitler. Porém, é a primeira vez que é retratada a história de uma figura tão importante para o final deste conflito histórico. E será que realmente era primordial a construção desta bomba? Será que o conflito não teria findado de qualquer forma, sem que milhares de japoneses tivessem perdido a vida? Nunca saberemos.

O filme retrata a história de J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), o pai da bomba atômica. Oppie (como era chamado pelos amigos) foi um físico teórico brilhante. Ele via o mundo de uma forma que ninguém mais conseguia. Ele via partículas e moléculas onde nós vemos formas grandes e concretas. Tinha dificuldade em estudar preso em um laboratório, e por esse motivo foi para a Europa, onde estava o ápice da física teórica da época. Lá, foi livre para pensar e desenvolver sua linha de pesquisa, onde conheceu e trabalhou com os mais brilhantes cientistas, tendo relação próxima inclusive com Albert Einstein. Relação esta que foi apresentada no filme, porém, especula-se que Einstein não tenha nenhuma participação na criação da Bomba A, como mostra um diálogo do filme.

Junto com seu irmão Frank (Dylan Arnold) frequentou alguns grupos pró comunismo, sem nunca se filiar a nenhum partido, diferente do irmão e sua cunhada. O simples fato de ter visitado tais locais, ficariam marcados para sempre em seu histórico, manchando toda sua reputação no futuro.

O sempre impecável diretor, Christopher Nolan, desenvolveu a história em duas linhas do tempo (se não fosse assim não seria ele!). Em uma, acompanhamos Oppenheimer e um time com os mais brilhantes cientistas trabalhando na teoria e prática referentes a Bomba A. Leslie Groves (Matt Damon) foi o general responsável por acompanhar de perto o Projeto Manhattan, e a pedido do então diretor do projeto, Oppenheimer. Construíram juntamente com um laboratório em Los Alamos, uma cidade inteira, para que todos os cientistas pudessem trazer suas famílias e ficar no local até que o propósito fosse alcançado – a construção da bomba atômica.

Na outra ponta da linha do tempo, acompanhamos Lewis Strauss (Robert Downey Jr.), um empresário e oficial americano que foi responsável pela criação da Comissão de Energia Atômica dos EUA, e que liberava as credenciais científicas. Em preto e branco, vemos uma atuação magnífica de Downey (se não a melhor de sua carreira), aspirando a um cargo público, e ao mesmo tempo que Oppie passa por uma sabatina para tentar renovar sua credencial científica.

Em sua vida pessoal Oppenheimer teve dois grandes amores. Pensando bem, arrisco dizer que ele teve somente um grande amor, Jean Tatlock (Florence Pugh). Oppie foi perdidamente apaixonado por Jean, porém, ela foi retratada como uma pessoa extremamente instável, e que rechaçava todas as investidas dele. Após esse capítulo de sua vida amorosa, Oppie conheceu Kitty (Emily Blunt), que era uma mulher casada, mas que logo engravidou de Oppie, o que fez com que se casassem. Blunt teve poucas cenas (com atuação brilhante, diga-se de passagem), porém, ficou claro que ela foi uma fortaleza na vida de Oppie, estando ao seu lado e o guiando, nos momentos mais obscuros de sua vida.

Agora, vamos falar do dono da coisa toda? Sim, eu gostaria de ter escrito um palavrão aqui! Cillian Murphy é o nome do cara! Que atuação espetacular. Eu já era fã por Peaky Blinders, mas confesso que estava com medo, pois na série ele tem um personagem extremamente frio e calculista, que não esboça muitas emoções. Murphy mostrou que sabe atuar em diferentes personagens, entregando emoções coerentes e com convincentes. Espetacular!

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Nolan foi majestoso como sempre. Eu não me canso de tecer elogios para esse diretor. Tudo que ele cria é de um nível de precisão que me impressiona. Deixei para falar no final sobre o ponto central desse filme: as consequências da criação da bomba. Oppenheimer passa o filme inteiro – e penso que foi assim na sua vida inteira – pensando, e tendo visões do que ele causou. O diretor com toda sua maestria em efeitos especiais, consegue nos colocar dentro da cabeça do cientista, e a agonia que ele sente, é transferida integralmente para o espectador. A sua aflição é facilmente traduzida na frase em que ele diz: “Tornei-me a morte, a destruidora de mundos.”

O meu maravilhoso Gary Oldman faz uma participação como o presidente Harry S. Truman, que também falou uma frase que perdurou na história: “Ninguém se preocupa com quem fez a bomba, e sim com quem soltou a bomba. E fui eu.”

Oppenheimer foi indicado ao Oscar 2024 em 13 categorias, são elas: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Direção de Arte, Melhor Som, Melhor Ator, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Figurino, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Fotografia, Melhor Maquiagem e Penteados, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Montagem. Eu gostaria de dizer em quais eu acho que ele leva, mas como eu acho que poderia ser em todas, vou me abster!

Avaliação: 5 de 5.

  • Oppenheimer
  • Lançamento: 2023
  • Com: Cillian Murphy, Emily Blunt, Matt Damon
  • Gênero: Histórico, Suspense
  • Direção: Christopher Nolan

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