Amor em Roma – Sarah Adams – Estante Diagonal

Além de cantora pop de sucesso extremamente badalada, Rae Rose é fã dos filmes de Audrey Hepburn, seu refúgio pessoal quando as coisas não vão bem. A mania de assistir a atriz nas telinhas vem de quando vivia ao lado da mãe, que ultimamente parece pensar que a garota é apenas uma máquina de dinheiro, tendo deixado a parceria e a ternura da convivência no passado.

– Você nunca amou uma coisa só pelo que ela significava para você?

Sua empresária também parece não notar que ela precisa de um pouco mais de espaço pessoal e momentos de qualidade que não envolvam entrevistas e aparições públicas diárias, deixando Rae completamente infeliz com sua situação atual e um sentimento de solidão que jamais havia experimentado tão profundamente.

Cansada dos holofotes e esgotada da sua agenda de compromissos infinita, Rae resolve fugir e pegar a estrada, dirigindo até Roma, no Kentucky, o local mais próximo da tão sonhada Itália do filme “A Princesa e o Plebeu”. Ela só não imaginava que seu carro enguiçaria na frente da casa de Noah, proprietário da loja de tortas local, um homem ranzinza, porém de tirar o fôlego, que pode ou não ser um assassino em potencial, afinal está tudo escuro e ermo e ela não sabe se pode confiar nesse estranho implicante.

Depois da confusão inicial, a cidadezinha toda resolve receber Rae com carinho, discrição e curiosidade, dando uma ajudinha no destino ao forçar sua estadia na casa de Noah para que um possível romance com aquele homem teimoso possa acontecer, mesmo que para isso tenham que driblar alguns paparazzi com seu jeitinho peculiar e fazer a moça se sentir livre para curtir o momento.

Dessa convivência forçada, além de momentos doces e divertidos, Rae acaba refletindo sobre sua carreira e sua relação com a mãe, enquanto tenta se afastar da tentação de passar cada vez mais tempo olhando para aquele homem encantador, cheio de camadas e disposto a enxergá-la como uma garota normal e não a estrela pop que todos insistem em ver. Enquanto isso, sua empresária insiste em procurá-la e exige que ela retome seus compromissos, alegando que tudo não passa de uma “pequena aventura impensada” com um pobretão do interior.

Por que eu tinha que me apaixonar por alguém que vive em um mundo tão diferente do meu?

Uma romance extremamente fofo, com personagens cativantes e um pano de fundo idílico e aconchegante. É daquelas histórias para se perder, para ler em uma sentada, pois foi quase impossível largar esse casal e suas interações ao longo das páginas.

Gostei muito de ver que os dois relutavam muito para se envolver, justamente pela vida corrida de Rae, que soube manter sua essência e não deixou que ninguém ficasse na frente e seus sonhos, ainda que eles parecessem quase impossíveis de acontecer.

Na trama, a ficção flerta com a realidade, quando Rae e Noah experimentam um drama similar a um dos filmes favoritos da moça. As escolhas que eles têm que fazer para decidirem ficar juntos ou não é praticamente a mesma, deixando o leitor na torcida para que tenham um final feliz, bem diferente do longa metragem que levou Rae a fugir de tudo e de todos.

Ao mesmo tempo que ela experimenta um dos melhores momentos de sua vida, a garota sabe que sua alegria tem prazo para terminar, pois quando seu carro ficar pronto terá que voltar para sua carreira de sucesso e para sua vocação nos palcos, uma vertente sua que parece ser muito distante da experiência em Roma.

Outro ponto é que Noah é um crush instantâneo, pois seu jeitão de moço reservado é puro convite para o romance, deixando Rae curiosa e, ao mesmo tempo, exasperada quando não conseguia tirar dele as emoções esperadas. Além disso, a química entre eles é ótima e o clima de cidadezinha pequena torna o enredo ainda mais interessante, pois, confesso, é um dos meus plots favoritos no gênero.

Cheio de cenas vibrantes e dilemas que eu ainda não tinha encontrado em um romance, Amor em Roma precisa entrar para a sua listinha de desejados imediatamente. O casal é daqueles que a gente vai querer “guardar em um potinho” e a autora mais acertou do que errou nas escolhas para essa narrativa. Recomendo.