Para o Trono – Hannah Whitten

07 abr, 2024 Por Carol Marçal

Para o Trono é a tão aguardada continuação — ao menos por mim —, da duologia Wilderwood que havia encantado no lançamento com sua premissa fantástica onde a segunda irmã é Para o Lobo, mas a primeira é Para o Trono. O que de forma bem clara já remete aos títulos dos livros. Neste em questão acompanhamos com maior foco a irmã mais velha: Neverah, que no final do primeiro livro se sacrificou em prol de salvar seu reino, e acima de tudo, salvar sua irmã gêmea, Redarys.

Com referências claras a obras consagradas do imaginário infantil e mágico, a duologia nos apresenta a concepção atualizada e reimaginada de chapeuzinho vermelho, a bela e a fera, e para mim um toque extra de duas irmãs, a rainha branca e a rainha vermelha (muito bem caracterizadas no filme de Alice no País das Maravilhas), ainda mais se levarmos os nomes das protagonistas em conta, Red – vermelho, Neve – branco.

“Maldito fosse por ser tão lindo. A vida seria muito mais simples se todos os monstros tivessem a aparência de um.”

Nesta continuação com uma capa dark, não fugimos muito da proposta iniciada no primeiro livro, uma fantasia sombria, com florestas mágicas e profecias. No que podemos chamar de mundo invertido, Neve precisa se associar com o “vilão” do livro anterior para tentar sair, sobreviver e quem sabe acabar de uma vez por todas com a dualidade da magia que afeta ambos os mundos, e claro, ainda impedir os antigos reis de regressarem para acabar com o mundo que tanto ela se esforçou para manter.

Como esperado, toda fantasia que se estende demais acaba uma hora com uma barriga para encher. Nem sempre é com algo incrível, o que, infelizmente, foi o caso para mim nesse livro. Com mais páginas do que o que seria realmente necessário, Para o Trono nos guia em folhas e folhas de uma lenta caminhada pela floresta invertida, por acontecimentos vagos que não precisariam de capítulos inteiros para resolver. Com intriga não muito bem alimentada e com um slow-burn de um romance que estava na cara desde o começo.

Apesar de achar extenso sem necessidade, ainda é um livro que consegue prender a atenção em alguns momentos, trazendo não apenas o ponto de vista (POV – point of view) da protagonista da vez, como também de sua irmã e demais personagens com certo peso na história. Mesmo com seu ritmo lento ainda consegue amarrar as pontas que haviam ficado no livro anterior, fechando com certa graça a duologia, que a depender, poderia ter sido uma excelente fantasia de volume único.

“Ninguém era totalmente uma coisa ou outra. A bondade era uma escolha diária, uma possibilidade infinita, uma decisão em cada encruzilhada. Mas ela vira um deus outrora obscuro procurar a redenção, e aquilo significava que qualquer um poderia o mesmo.”

Para o Trono ainda é indicado para aqueles que estão começando agora a se aventurar nos livros de fantasia, ou aqueles que buscam uma fantasia dark não tão pesada, e com toques de magia disney que passamos a amar ao longo dos anos.