Lily teve um fim de relacionamento conturbado com Ryle e foi vítima de violência doméstica durante algum tempo até ter a coragem para reconhecer a situação e se libertar desse ciclo tóxico. Dessa união destroçada e repleta de mágoas por parte dos dois, nasceu sua garotinha, que hoje é tudo em sua vida e a grande razão para que ela se mantenha firme em sua decisão.
Às vezes, uma pessoa acha que se amar alguém destruído, se amá-lo o bastante, ela pode afinal conseguir consertá-lo. Mas o problema disso é que ela acaba se destruindo também.
Porém, nem tudo de seu passado é lembrança ruim. Um reencontro com Atlas no meio da rua basta para que a chama desse amor de menina volte a acender. Embora extremamente apaixonado, ele soube ajudar Lily quando ela mais precisou e respeitou seu momento delicado, abrindo espaço para que a mulher que sempre amou conseguisse absorver tudo pelo que passou, sem forçar sua presença. Agora, Atlas está mais uma vez relembrando-a do porque eles com certeza serão felizes juntos, pois todo final tem seu começo e esse romance merece finalmente acontecer.
É Assim que Começa é um livro necessário para os fãs de Lily e Atlas, que mostra como o verdadeiro amor e respeito são imprescindíveis para que um relacionamento funcione e seja saudável. Uma chance linda de acompanhar o novo desabrochar desse casal que muitos leitores torceram tanto para ver no último livro.
A princípio, vemos a protagonista lidando com as consequências de suas escolhas e sua luta interna para aceitar que Ryle ainda possui um lado bom, ainda que tenha momentos tensos e explosões de raiva, que podem ou não afetar sua relação com a filha, afinal, ele seria ou não capaz de machucar mais uma pessoa que alega amar?
Eu não esperava gostar tanto dessa história, pois li o primeiro volume na época do “hype” e me senti levada pela maré, incapaz de criticar o que havia lido, ainda que tivesse curtido e entendido a importância de uma narrativa que abordasse um tema tão sensível nos dias de hoje. Entretanto, me surpreendi com a quantidade de marcações que fiz e com o relacionamento maduro que esse casal atual trouxe para a trama, sem ficar pedante. Tudo é na dose e no tempo certo, fazendo com que o leitor suspire pelos dois a todo encontro.
Este é o único aspecto negativo de finalmente estar com a pessoa com quem você deveria estar: você passa anos desejando ficar com ela e, quando enfim se torna uma parte importante da sua vida, de alguma maneira isso dói ainda mais.
Um alerta para quem tiver interesse na leitura: se você já odiava o Ryle, vai passar a detestar ainda mais depois desse livro. De fato, ele se tornou um dos personagens literários mais intragáveis do mundo para mim, pois terminou sendo um verdadeiro otário o tempo todo. Eu não consegui sentir pena do personagem em momento algum e, mesmo entendo as razões da Lily, acredito que ela tenha sido muito boazinha com ele, que merecia uma consequência mais severa do que teve depois de tudo o que a fez passar.
Desabafo concluído, sou do time que acredita que essa sequência precisava sim acontecer, pois os protagonistas mereciam esse desfecho fofo e incrível. Sem esse enredo, a sensação era a de que algo estava faltando, mas a autora felizmente nos agraciou com mais de Lily e Atlas. Ufa!
