Quebrando o Gelo – Hannah Grace

28 jun, 2024 Por Alessandra Paccola

Tasi é uma patinadora de gelo que busca há anos um resultado melhor para sua carreira. Embora ainda esteja na faculdade, a garota tem uma rotina pesada de treinos com seu parceiro, que parece nem sempre tratá-la da melhor maneira possível, fazendo questão de ressaltar seus defeitos, inclusive os do seu corpo.

Mesmo sendo algo cruel, ela sempre foi uma mulher segura de si e de seu poder de sedução. A fim de conquistar uma vaga nas olimpíadas, deixou de colocar possíveis relacionamentos sérios como prioridade e leva a vida trocando de “amizade colorida” sempre que tem vontade, pois não quer se apegar e namorar sério com ninguém.

Nathan é o capitão do time de hóquei da universidade, colocando os seus parceiros de equipe em primeiro lugar quando o assunto é proteger os amigos, seja da ira do treinador ou de qualquer outra consequência inesperada para as atitudes impensadas de um bando de caras cheios de hormônios e testosterona.

Quando uma vingança destrói o rinque de patinação do time, um acordo de dividir o espaço com a equipe de patinação é colocado em prática, mas os ânimos ficam exaltados e todos, também, preocupados, com a necessidade de colocar horários rígidos para que consigam treinar sem prejudicar seus interesses.

Dessa colisão de mundos, Nathan e Tasi parecem ser os únicos sem disposição para amizade, já que a animosidade entre o casal é acesa desde a primeira centelha surgida entre os dois e uma guerra de vontades está prestes a começar, porém não sem deixar o coração dos dois em dúvida sobre a verdade dos sentimentos que estão surgindo a cada farpa trocada.

Esse era um romance ao estilo “haters to lovers” que eu estava ansiosíssima para ler, pois foi um dos livros mais comentados do gênero há um tempo atrás. Entretanto, para meu total desapontamento, fui forçada a abandonar a leitura devido a escrita fraca e embaraçosa que encontrei nas páginas.

A primeira coisa que notei quando iniciei essa narrativa foi a falta total de sentido no ódio de Tasi pelo rapaz, que nada fez a não ser “beijar o chão” que a moça pisava a cada instante que estavam juntos. A autora não trabalhou bem o “plot” principal da trama, tanto que em menos de cinquenta páginas já temos os dois juntos em cenas extremamente quentes, com diálogos super lascivos, que desmontam logo a trope vendida nessa leitura.

Outro ponto é que a protagonista é intragável. Além de ser uma garota que fala de si mesma como se estivesse vendendo seu corpo o tempo todo (nenhum problema com isso, porém não casa com a estética de patinadora fofinha que ela passa), as interações dela com seus amigos e “ficantes” é rasa, trazendo uma personagem unidimensional, cinza, totalmente estereotipada e sem graça, o que me fez ficar intrigada com o tanto de elogios que esse livro recebeu no passado.

O fascíncio do boy por ela também não faz sentido, já que ela trata ele como lixo o tempo todo, mesmo quando o cara demonstra estar “caidinho” por ela. Embora eu adore livros em que o mocinho se apaixona primeiro, o coitado aqui precisava de um exame de vista, pois claramente não enxerga o quão tóxica e horrível Tasi pode ser com ele.

Talvez vocês não imaginem, mas eu sou aquele tipo de leitora que me aventuro até o final de cada história, mesmo que não goste, pois tenho a necessidade de falar sobre as coisas que leio com propriedade, mesmo que a crítica venha a ser negativa. Porém, nesse caso, confesso que o livro transbordou meus limites e eu simplesmente fui incapaz de dar seguimento depois de algumas cenas que me deixaram com “vergonha alheia” de tão risíveis. Para ilustrar bem o que estou falando, a passagem derradeira para a minha decisão de abandonar foi em uma cena “hot” em que a moça, elástica como só ela, por ser patinadora, resolve fazer um “espacate” no colo do boy durante o momento íntimo dos dois, se é que você me entende.

Pois é, depois disso eu resolvi apenas deixar para lá, mas mesmo assim trazer para cá minha opinião sincera sobre a experiência que tive durante as mais de cento e vinte páginas que encarei de Quebrando o Gelo.

Talvez esse não seja um livro para mim, ainda que eu seja uma leitora assídua de romances, mas não consegui gostar de absolutamente nada nessa trama e resolvi que Hannah Grace deve ficar longe das minhas prateleiras, embora espero que seja do agrado de muitos de vocês. Afinal, a gente tem que ler o que gosta e ponto final.

Avaliação: 0 de 5.

  • Icebreaker
  • Autor: Hannah Grace
  • Tradução: Bruna Miranda
  • Ano: 2023
  • Editora: Rocco
  • Páginas: 368
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