Miyamoto Musashi foi um espadachim japonês, pertencente à classe samurai, do início do período Edo. Ele ganhou força no imaginário popular como um guerreiro lendário. Toda essa fama surgiu através de suas obras, nas quais ele fazia relatos surpreendentes sobre sua vida e suas batalhas. Ele foi responsável por criar um estilo de batalha com duas espadas e também é o autor de O Livro dos Cinco Anéis, de 1645. A obra é considerada um clássico sobre estratégia militar do Japão, comparada inclusive com o livro Arte da Guerra, do chinês Sun Tzu.

Neste livro, Musashi ainda relata que nunca foi derrotado em um duelo, sendo que foram quase uma centena, muitas vezes com mais de um oponente. Não há como confirmar esses relatos, assim como muito de sua vida não sabemos se é real ou lenda. Mas com tudo isso, o uso de sua imagem é de suma importância na formação de narrativas nacionalistas no Japão Imperial, bem como suas retratações na literatura moderna.

Mamoru Sasaki (1936 – 2006) foi um roteirista que contribuiu para programas de rádio, TV, filmes, tokusatsu e mangás dos mais variados gêneros; e Goseki Kojima (1928 – 2000) foi um consagrado autor de gekigás (mangás com tramas realistas voltadas para o público adulto) e famoso pela arte da série Lobo Solitário. Para comemorar os 50 anos do romance épico Musashi, de Eiji Yoshikawa, houve uma celebração com a serialização do mangá, em 1985, na revista Manga Action, que logo depois ganhou um encadernado. É essa versão que chega ao Brasil pela editora Pipoca & Nanquim, com páginas coloridas no começo da história e glossário exclusivo da edição nacional.

Depois de ler alguns mangás sobre samurais, chegou a hora de conhecer a história de um samurai que realmente existiu. Mas o curioso é que eu só descobri que Miyamoto Musashi existiu após o término da leitura. Depois de ler o mangá, eu senti como se eu não soubesse tudo que eu teria que saber sobre Musashi, me senti incompleta. Então, fui atrás de mais informações, e assim, descobri um novo mundo no tópico samurais. Fiquei encantada com todas as informações e descobri que a própria Pipoca & Nanquim tem um mangá biografias sobre Miyamoto Musashi. Inclusive, estou querendo!

Esse mangá é interessante, pois traz momentos muito significativos na história de Musashi (1584-1645) Eu gostei muito dos momentos em que ele reflete sobre sua vida, sobre o caminho que as batalhas com espadas estão tomando e sobre o comportamento e as crenças de um samurai. O mangá consegue deixar claro como cada momento vai fazendo ele ficar mais centralizado em questões mais “filosóficas”. São as reflexões sobre esses momentos significativos que levam ele a escrever O Livro dos Cinco Elementos.

“Nessa batalha não adquiriu nenhuma sabedoria… Em Vez disso… Sentiu brotar em seu âmago a ideia de que não se deve depender de Deus, pois à humanidade só cabe reverenciá-lo… E, a despeito do que acreditava, lhe restou, sim, um questionamento maior ainda…”

Para mim que não conhecia a história envolvendo esse samurai, só fui compreender a importância dos momentos retratados no mangá depois, mas mesmo assim, consegui perceber que os capítulos representavam acontecimentos importantes para o personagem. Já começamos no primeiro capítulo com um duelo de extrema relevância, quando Musashi estava no auge de sua vida e começa a formar a técnica de duas espadas. O momento em que ele se vê contra uma arma de fogo também é muito significativo, pois vemos ele refletindo sobre o futuro. Além disso, um momento chave para a história é quando ele se vê envolto de dúvidas existenciais sobre os cristãos que morriam em nome de deus.  

Ler esse mangá aumentou meu interesse por histórias de samurai e trouxe um conhecimento ainda maior sobre a importância dos samurais para a história do Japão. Acredito que todo mundo que gosta desse universo conheça Miyamoto Musashi, mas fica aqui minha indicação.

Avaliação: 3 de 5.

  • 宮本武蔵
  • Autor: Mamoru Sasaki, Goseki Kojima
  • Tradução: Drik Sada
  • Ano: 2023
  • Editora: Pipoca e Nanquim
  • Páginas: 268
  • Amazon

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