A Ladra Amaldiçoada – Margaret Owen

29 ago, 2024 Por Alessandra Paccola

Por ser a décima terceira filha de uma décima terceira filha, Vanja é entregue em tenra idade pela mãe à Morte e à Fortuna, por ser considerada alguém destinada ao azar. Apadrinhada pelas deusas, ela decide fugir para encontrar seu próprio caminho, sem ter que escolher para qual das duas servirá pela eternidade, pois pedir ajuda é se vincular para sempre.

…o pequeno ladrão rouba ouro, mas o grande rouba reinos inteiros, e só um deles vai parar na forca.

Durante anos, Vanja trabalha para a realeza, acreditando ser querida por uma amiga da nobreza. Entretanto, a constante violência física e psicológica acabam construindo uma mágoa enorme em seu coração e uma necessidade de se proteger de tudo e de todos. Por ser sempre o elo mais fraco, a garota acaba desacreditada, mesmo quando faz um pedido de socorro e é traída por quem menos esperava.

Enquanto finge ser a princesa Gisele, que será entregue em matrimônio a um homem maldoso e egocêntrico, disposto a abusar em todos os sentidos de quem não tem a chance de se defender, a garota aproveita para roubar os nobres e conquistar sua pequena fortuna, mas acaba cruzando o caminho de outra deusa e termina amaldiçoada.

Um rubi em forma de lágrima abaixo de seus olhos é o primeiro sinal da artimanha da deusa e, aos poucos, seu corpo se torna sua ganância, e Vanja vai sendo tomada por pedras preciosas, consumida pelo seu maior pecado. Mas a deusa menor lhe concede uma surpresa, Ragne, um ser capaz de se metamorfosear, que acompanha a garota em todas as suas alegrias e tristezas, desafios e percalços, tornando-se mais do que uma vigia, uma amiga para todas as situações.

Com o tempo contado para quebrar o feitiço, ela ainda terá que lidar com um jovem detetive em seu encalço, o único capaz de vencê-la em sua esperteza, que está disposto a encontrar o culpado pelo roubo de joias, levando o criminoso a julgamento.

É da natureza da Fortuna testar meus limites, mas quando tem um assunto a tratar com você a Morte não precisa de convite.

A Ladra Amaldiçoada é uma fantasia inteligente que explora o folclore germânico, com vocábulos que espantam em um primeiro momento por serem tão diferentes, e traz um romance vagaroso, porém delicioso de acompanhar entre a jovem ladra e o curioso e atrapalhado mocinho de óculos que vive perseguindo-a.

Vanja e Emeric, o rapaz em questão, são personagens excelentes, com toques de sarcasmo e ironia em seus diálogos ao longo do livro, que dão leveza à trama, a qual, mesmo assim, permanece intensa do início ao fim, dando a história uma seriedade maior. Adorei, da mesma forma, os personagens secundários, como Gisele, Ragne e tantos outros, e como a autora construiu as motivações do vilão, extremamente detestável. Entretanto, ainda faltou alguma coisa para tornar esse livro um favorito e eu não consegui me conectar cem porcento com tudo o que estava lendo.

Na minha visão, poderia ser uma trama que se encerrasse nesse volume, mas aparentemente a autora Margaret Owen decidiu dar sequência nas aventuras de Vanja e Emeric, o que na minha opinião foi totalmente desnecessário, pois aqui tudo é bem redondinho e amarrado.

Gostaria também de ter visto mais da relação de Vanja com as deusas, que ela mesma gostaria de considerar como mães e não apenas madrinhas, talvez a autora ainda aborde essa relação diferente no segundo volume da história.

Ainda assim, A Ladra Amaldiçoada é uma leitura ótima, que eu super recomendo e sai bastante do padrão que encontramos por aí, por toda a cultura diferente e ambientação. Tenho certeza que Vanja irá encantar muitos leitores mundo afora.

Avaliação: 4 de 5.

  • Little Thieves
  • Autor: Margaret Owen
  • Tradução: Laura Pohl
  • Ano: 2024
  • Editora: Seguinte
  • Páginas: 464
  • Amazon

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