É Assim Que Acaba – Crítica

23 ago, 2024 Por Lisse Cunha

O filme homônimo do aclamado livro jovem da autora Colleen Hoover teve sua estreia em meio à tretas e conflitos com a própria autora, atores e o produtor, mas nem isso foi capaz de tirar os holofotes desse momento, afinal, os fãs aguardaram com muito expectativas por oitos anos desde o anúncio da compra dos direitos autorais.

Lily Bloom saiu de uma cidade pequena para a grandiosa Boston onde espera recomeçar a vida após a morte do pai – um homem abusivo e dominador. Em meio ao luto, se encanta à primeira vista com o neurocirurgião Ryle Kincaid, encontro esse que não exala nenhuma química ou ligação. Como uma leitora voraz dos livros da Colleen Hoover, devo dizer que as similaridades entre filme e livro são grandes, e isso se reflete na falta de desenvolvimento do roteiro com falas vazias e muita tensão sexual que não convence porque não existem motivos para Lily e Ryle estarem apaixonados. Mas será que isso é um erro do roteiro já que o filme é baseado no livro?

Vemos o desenrolar de acasos propositais, como a irmã de Ryle, Alyssa, se tornar a melhor amiga e sócia da Lily na floricultura, aproximando assim os personagens principais que logo desencadeia em uma proposta de casamento. Mas antes disso, Ryle já apresenta um um comportamento agressivo que vai se revelando pouco a pouco entre pequenos acidentes desde as primeiras cenas da trama até uma crescente explosão de ciúmes, abuso emocional e violência física.

Gostei muito do carisma do elenco logo de cara, os atores escolhidos foram certeiros em seus papéis. Blake Lively é tão bonita que preenche toda a tela com sua exuberância, Justin Baldoni se apropriou tanto do personagem que em vários momentos senti a voracidade do Ryle, além do alívio cômico bem merecido que Alyssa e Marshall ajudam a transpor nos momento de tensão.

Meu personagem favorito sempre será Atlas Corrigan, então a felicidade em mim nas cenas de flashbacks me causaram muitos surtos, pois aquilo sim era química na sua melhor forma. A escolha dos atores jovens deu mais brilho e peso, pois o que Atlas da juventude exala os pontos fortes do que se tornará na vida adulta, como o companheirismo e empatia. As cenas defendendo, ajudando e confortando a Lily é de uma profundidade sem igual, consegui ver no Brandon Sklenar o Atlas perfeito.

Como já salientei, o filme é bem fiel ao livro, então Lily escolhe se afastar de seu abusador e seguir sozinha, mas a grande questão continuou faltando: será que só não estar presente na criação diária da filha é “castigo” o suficiente para um homem branco privilegiado? Talvez seja utópico demais querer responsabilidades mais concretas com respeito ao abuso e violência doméstica, e mesmo após longos anos em que esse livro recebeu tantas críticas não tenha havido reflexão sobre isso e mantiveram o mesmo final.

É Assim Que Acaba é um filme que em menos de uma semana já rendeu o seu investimento, com uma boa direção, fotografia que vai agradar os olhos mais singelos e uma trilha sonora agradável. É assim que acaba cumpriu o papel de levantar a questão sobre romper o ciclo de violência, mas deixou a desejar no seu desenvolvimento com uma protagonista monossilábica e um tema importante sendo abordado de forma superficial.

Avaliação: 3 de 5.

  • It ends with us
  • Lançamento: 2024
  • Com: Blake Lively, Justin Baldoni e Brandon Sklenas
  • Gênero: Drama e Romance
  • Direção: Justin Baldoni

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