O Clã das Mulheres Weyward, de Emilia Hart

06 dez, 2024 Por Carol Marçal

O que une três narrativas? Três mulheres e seus medos, desejos e sobrenomes. Essa é a história das mulheres do clã Weyward, um sobrenome há muito deixado para trás, talvez para ocultar uma maldição, um medo ou apenas um preconceito que nem o tempo pode apagar.

Kate precisa de um recomeço, um lugar para tentar deixar o passado para trás e encontrar —  talvez —, no lar herdado de uma parente que sequer conheceu o tão sonhado recomeço. Ou, talvez, apenas mais um mergulho para o passado: não só no que ela quer esquecer, mas nos passados que nunca imaginou ter na história das mulheres de sua família. Afinal, conhecer o passado é também conhecer seu futuro. 

Fugindo de um relacionamento tóxico, Kate busca seu tão sonhado refúgio, um novo emprego, um novo visual e velhas companhias que estão apenas nas páginas de um caderno de anotações e cartas de suas antepassadas. 

“A primeira criança nascida de uma Weyward é sempre do sexo feminino.”

Mesclando presente e passado, a história nos mostra que, para entender o seu presente e futuro, é preciso mergulhar no passado, especialmente quando se tem na família alguém julgado por bruxaria em 1619, uma outra jovem misteriosa durante a guerra de 1942 e uma herança que não se limita a um lar, mas inclui um sobrenome e tudo o que vem com ele, como, talvez, magia.

Assassinato, mistérios, amores impossíveis, abuso, preconceito, ódio e um toque de realismo mágico acompanham as vidas de três gerações de mulheres Weyward, marcadas para serem, com sorte, excepcionais. Nos faz torcer por Altha em seu julgamento por bruxaria, sentir a dor de Violet, que almejava ser mais do que se esperava das mulheres em 1942, e, por fim, torcer por Kate, que nos dá esperança de um recomeço. 

Sobre a minha experiência de leitura (e releitura) deste livro… Para mim, foi uma leitura bastante prazerosa. Pensei que o estilo de narrativa e os desenrolares da história se tornariam menos interessantes em uma releitura, mas nada diminuiu o brilho — e em alguns momentos, o impacto — da primeira leitura. O Clã das Mulheres Weyward é uma ficção histórica com o pé firme no contemporâneo e uma pitada de realismo mágico, que traz explicações e misticismo mais que bem-vindos.

“Weyward, ‘rebeldes’, eles nos chamavam quando não nos submetíamos, quando não nos curvávamos à vontade deles. Mas aprendemos a usar esse sobrenome com orgulho.”

O livro, como mencionado, traz alguns gatilhos; portanto, caso tenha interesse, esteja avisado. Isso não me atrapalhou na leitura, mas cada um conhece seus limites. E sobre o elefante branco, não podemos deixar de mencionar, infelizmente: a capa nacional acaba afastando alguns leitores, levando outros pra no final não ser nada daquilo! Por isso, indico mais que nunca: NÃO JULGAR O LIVRO PELA CAPA! (embora eu, sim, faça isso com frequência.)

Avaliação: 5 de 5.

  • Weyward
  • Autor: Emilia Hart
  • Tradução: Denise de Carvalho Rocha
  • Ano: 2023
  • Editora: Jangada
  • Páginas: 368
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