A Villa, por Rachel Hawkins

06 jan, 2025 Por Carol Marçal

Uma Villa aconchegante, um lugar apaixonante e um crime de décadas que nunca foi, de fato, solucionado. Bem-vindo à Villa Rosato, ou como agora foi batizada: Villa Aestas, no vilarejo de Orvieto, Itália. Um agora destino de férias, lazer, descanso e talvez o paraíso da escrita para duas melhores amigas autoras best-sellers que há muito sonhavam em escrever um livro juntas. 

Em meio ao caos da separação, da cobrança do próximo livro de cozy mistery, da recuperação de sua saúde, Emily Sheridan reencontra com sua melhor amiga para não apenas um almoço, mas futuramente uma proposta de uma viagem irrecusável. Descobrindo, claro, que sua amiga Chess Chandler —  a autora queridinha do momento para o mundo da autoajuda e não ficção — , a levará para uma cena de crime de décadas passadas, onde um astro, duas irmãs, um cantor com um sonho e um amigo são envolvidos num assassinato que rendeu depois uma prisão, um livro de sucesso e o maior álbum de folk-rock de todos os tempos. 

Um lugar onde duas narrativas se encontram, mesclando com proficiência o passado e o momento atual, trazendo duas mulheres que poderiam ser realmente unidas, separadas por seus desejos em comum e suas necessidades em se destacar. 

“Mais ou menos na época em que ela decidiu mudar de nome para “Chess”, me dei conta de que a verdade era que eu odiava a minha melhor amiga.”

O livro nos apresenta formas de amizade, a primeira passada na década de 70, onde duas irmãs precisam aprender limites, saber o que pertence a cada uma e aprender se realmente conseguem ser amigas apesar de tudo. E também nos traz a amizade atual de duas autoras que se conhecem há anos, onde são melhores amigas desde o ensino médio e precisam lidar com a fama e sucesso, problemas no casamento e inveja. 

Com um jeito bem instigante, a autora nos deixa sempre curiosos intercalando a narrativa, ora nos apresentando os acontecimentos de 1974, o fatídico verão que pôs fim a uma vida, de modo literal, e de modo figurativo nas outras. E também com as paranóias que Emily começa a desenvolver ao longo dos dias na calorosa Itália, sob o mesmo teto que sua melhor amiga, a qual, podemos notar, ela não é muito fã. 

Dizem que casas têm memórias, eu particularmente acredito que paredes têm ouvidos, então porquê não uma casa pode ter sua personalidade e despertar em seus habitantes aquilo que eles mais tentam esconder? Seria uma Villa pacata no verão capaz de trazer à tona os pecados de seus moradores e obrigá-los a encarar? Ou apenas a deixa de um crime passado é capaz de dar asas à imaginação fértil de uma escritora de mistérios? 

“Às vezes, não se sabe que se venceu até ver o reflexo da vitória nos olhos de quem perdeu.”

Se você for o tipo de leitor que se encanta por histórias que são contadas dentro das histórias, onde se tem mais de um ponto de vista, onde se mescla passado e presente para nos contar duas narrativas instigantes, talvez encontre nesse livro um companheiro para horas muito proveitosas de leitura. Se for um leitor de thriller já com alguma bagagem, algumas coisas te saltarão à vista antes mesmo de virar as páginas, mas isso não estraga o livro, tampouco seu final. Se você quer um thriller com camadas, com histórias contadas nas entrelinhas e com 8 personagens que são como espelhos um para o outro, em diferentes décadas… Bem-vindo à Villa Aestas, aproveite o tour pelas mãos capazes da Rachel Hawkins

  • The Villa
  • Autor: Rachel Hawkins
  • Tradução: Irinêo Netto
  • Ano: 2023
  • Editora: Record
  • Páginas: 294
  • Amazon

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