A editora Planeta lançou recentemente mais uma graphic novel relacionada ao universo de “Avatar – a Lenda de Aang”, intitulada “A Fenda”. Sua narrativa se passa algum tempo após o final da série animada, de forma que não é recomendada para quem não a concluiu (fica aqui o alerta de spoilers!).

Diferentemente das graphic novels “As Aventuras Perdidas” e “Histórias do time Avatar”, anteriormente resenhadas neste blog, “A Fenda” traz uma história mais ampla e completa, parecida com os arcos narrativos presentes na série animada. Os traços e a coloração também se assemelham com os presentes na animação, de modo que fãs saudosos (como eu) tem a sensação de estar vendo um de seus episódios.

Em “A fenda” descobrimos que Aang foi convocado pela Avatar Yangchen para uma missão misteriosa. Sem compreender completamente a mensagem de Yangchen, Aang, o time Avatar e os acólitos do ar decidem comemorar o festival em homenagem a essa Avatar. Chegando ao local tradicional da comemoração, descobrem que uma refinaria foi construída nesse terreno, que antes era sagrado para o povo do ar. A refinaria, símbolo da união entre o povo da Terra e do Fogo, traz renovação e prosperidade para o local, mas também confronta suas tradições e valores espirituais.

É assim que a história conduz reflexões sobre como devemos levar em consideração o passado e o futuro ao fazermos escolhas importantes.

A graphic novel trabalha esse diálogo entre passado e futuro em múltiplas camadas. Primeiramente, através de dois personagens centrais: Aang e Toph. Na série animada sabemos que o primeiro personagem tem um passado amado que fora retirado dele de forma violenta, e que ele deseja poder retomar, tanto concretamente quanto através de memórias. Já a segunda personagem tem um passado que a restringia e que precisa abandonar para poder construir um futuro próprio. “A Fenda” retoma este aspecto da história desses personagens para apontar os diferentes modos como uma pessoa pode se relacionar com seu passado e seu futuro, a depender de sua história de vida.

Em uma segunda camada, a minha preferida, vemos o confronto entre passado e futuro moldando o mundo de Avatar. A graphic novel mostra, em seus detalhes, como o mundo de Aang foi, aos poucos, se tornando o mundo da próxima Avatar, Korra. A terceira camada traz uma questão muito importante para nossos tempos atuais ao ponderar como conciliar criação e desenvolvimento industrial com um cuidado com a natureza e com o ambiente. Eu tinha grandes expectativas para como a história iria trabalhar essa questão, e talvez por isso tenha ficado um pouco frustrada, com a sensação de que essa temática não foi abordada com a profundidade que eu desejaria.

Apesar desta pequena decepção, recomendo a leitura para todos aqueles que já viram as séries animadas (não apenas “A Lenda de Aang”, mas também “A Lenda de Korra”) por sua grande importância para o desenvolvimento dos personagens do time Avatar e também por seu papel na construção desse mundo, já que essa história ajuda a preencher lacunas nas informações que tínhamos sobre esse universo.

  • Avatar: The Last Airbender: The Rift
  • Autor: Gene Luen Yang
  • Tradução: -
  • Ano: 2024
  • Editora: Planeta
  • Páginas: 240
  • Amazon

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