Queria que Fosse Você, por Ava Des Lauriers

Natalia e Ethan sempre foram melhores amigos, até o momento em que um pacto feito há anos atrás coloca em cheque os sentimentos de um pelo outro. Assustados com os próprios sentimentos, a noite do baile de formatura torna-se um assunto tabu entre eles, levando-os a ficarem afastados por todo o verão.

Não quero ser aquele tipo de pessoa que tem que cumprir as expectativas dos outros. Afinal, quem é você, se está sempre doando pedaços de si para os outros?

Incapazes de se olharem nos olhos depois de um contato mais íntimo, agora é hora de abrir o coração no Senior Sunrise, um evento emblemático da escola Liberty, e colocar as emoções em um pedaço de papel. Todos os alunos deixarão seus pensamentos dobrados em um pote de vidro e tudo será destruído sem que ninguém possa ver. O problema é quando Natália decide retirar suas confidências de dentro desse lugar e a dela e as de colegas acabam se espalham aos quatro ventos.

Mesmo distantes, os dois amigos terão que se unir para impedir uma catástrofe. Porém, antes que o dia acabe, feridas serão expostas e os segredos mais profundos correrão o risco de serem revelados.

Queria que Fosse Você é um romance jovem adulto que se passa em apenas um único dia e que carrega personagens com muitos conflitos, sendo que todos poderiam ser resolvidos não fosse a mania horrível que têm de supor as coisas, ao invés de simplesmente conversarem.

Durante o evento escolar, conhecemos um pouco do passado recente dos protagonistas e os conflitos que têm passado com a família. A autora também costura outros enredos menores, conectando o casal e seus colegas por toda a leitura.

Ethan, o mocinho nerd, se torna popular por conta da fama do pai, mas detesta os holofotes e o que o universo das celebridades trouxe para sua vida. Já Natalia é pura arte, mas esconde dos pais seu desejo de seguir carreira nisso por medo de decepcionar todos.

O casal tem química, são extremamente fofos juntos, mas a trama não cativa pela imaturidade dos dois. Embora seja uma fase da vida em que é natural “meter os pés pelas mãos”, Talia e Ethan insistem no erro, destoando bastante da construção de personagem que a autora se propôs a fazer, ambos bem conscientes do que querem para si.

Outra coisa que não foi legal é que enredo dá voltas em si mesmo o tempo inteiro, trazendo todos os “dramas” com base na mesma tese: ao invés de dialogar, vamos supor as coisas não ditas e ficar irritados um com o outro.

A história traz, também, visibilidade para a comunidade LGBTQIAPN+, personagens heterogêneos e discussões importantes na atualidade, entretanto não se aprofunda em nenhuma causa. A meu ver, o livro precisava de mais camadas ou seria melhor ter deixado enredos secundários para um próximo volume.

Ainda assim, foi um romance interessante, mesmo tendo sido um pouco cansativo de acompanhar pela repetição de situações completamente evitáveis. Acredito que o livro se encaixaria melhor para o público alvo. Já eu, no auge dos meus 36 anos, não consegui me importar com a maioria dos dilemas da narrativa e só torci para a leitura ser breve.