Minha Melhor Parte, por Hannah Bonam-Young

02 mar, 2025 Por Lisse Cunha

Win está na festa de halloween super planejada pela melhor amiga, com uma fantasia que julga inovadora e única. Ela só quer conhecer um homem decente, mas que não seja apresentado pelo marido da melhor amiga, beber um pouco e se divertir. Ao conhecer Bo, um cara gato e super engraçado, percebem que tem mais que uma fantasia em comum, ambos são portadores de deficiência física.

Nessa noite, Win tem a melhor ficada da sua vida. Afinal, a conversa fluiu muito bem, Bo é carismático e a fez se sentir ótima em quatro paredes. E é apenas isso que ela quer, porém, o que não contava era com uma gravidez inesperada no meio do caminho. Apesar de Win ser muito bem resolvida sobre o que quer para a vida, alguns pensamentos intrusivos com respeito à sua limitação física a atormenta quando a maternidade entra na equação.

Win não teve uma vida familiar de dar inveja; um pai que nunca deu as caras e uma mãe que mora longe, bem ausente. O medo dela com um filho na barriga é palpável, mas ao contar para Bo que quer ter o bebê, toda a trama se desenrola em algo lindo sobre descobertas, autoconhecimento, companheirismo e também, amor.

A temática de gravidez não é uma trope que me deixa muito animada, e às vezes, até fujo, mas confesso que o debut da Hannah Bonam-Young foi excelente. Até os títulos dos capítulos são nomeados falando da gestação e como o bebê está crescendo. É genial! Tenho minhas dúvidas se caso a autora tivesse escolhido outro tema se teria dado tão certo, pois é a situação em que os personagens estão que os torna tão perfeitos um para o outro.

Eu o beijo porque sou grata, embora às vezes não saiba demonstrar. Eu o beijo porque ele realmente quer cuidar de mim. Eu o beijo porque acho que vou permitir que cuide. Eu o beijo porque o amo. Mais e mais a cada dia.

São personagens com muitas feridas do passado, mas que agem como adultos, revelando-se aos poucos e descobrindo o que é a felicidade lado a lado. A comunicação vem em primeiro lugar, se provocam com piadinhas espirituosas capaz de arrancar do leitor muitas risadas. Bo e Win são um casal que dá muito orgulho de acompanhar superando seus traumas, aprendendo a viver como casal e como futuros pais de uma criança que virá ao mundo.

Como uma mulher que não tem filhos, fiquei encantada como a autora descreveu a descoberta e como é gestar uma criança. Bo como parceiro e pai da criança é alguém no estilo ideal: cuidador e atencioso. Nem toda mulher tem a sorte de encontrar um marido/pai/provedor responsável e bondosos na literatura, o que torna Bo um 10 de 10 que conquistará muitas leitoras.

É uma leitura muito divertida e empolgante, que mostra que é possível misturar alguns gêneros de um jeito que empolga o leitor e o faz devorar as páginas. Fiquei muito encantada com a escrita da Hannah, é leve e acrescenta muita empatia e cuidado, incluindo representatividade do jeito correto. O que por sinal, faz toda a diferença termos autores pcd contando suas próprias histórias.

Já estou de olho no novo lançamento da autora, “Sinais do Amor“ e em outros que virão. Com certeza, uma escrita assim deve ser valorizada e o bônus de encontrar personagens apaixonantes e divertidos.

  • Out on a limb
  • Autor: Hannah Bonam-Young
  • Tradução: Gabriela Peres Gomes
  • Ano: 2024
  • Editora: Globo Livros
  • Páginas: 352
  • Amazon

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