Segundo livro da série Bill Hodges, em Achados e Perdidos teremos a volta breve do conhecido investigador, que pretende ajudar um garoto que acaba de achar um tesouro perdido. Os manuscritos de um autor muito famoso e que fora assassinado.
Neste livro, iremos acompanhar cada capítulo alternando entre os anos e também entre as perspectivas dos personagens. Aos poucos, King entrelaça os pequenos elementos que ligam a história do primeiro livro,
Mr. Mercedes (
resenha) com o de Achados e Perdidos que se passa quatro anos após.
Em 1978, John Rothstein é conhecido como “gênio”. Um autor consagrado por publicar a trilogia O Corredor, que tem como protagonista Jimmy Gold, personagem que inspirou gerações de fãs pelo mundo. Morris Bellamy é um apreciador da história e sua obsessão por Jimmy é digna de sua personalidade perturbada. Ele acredita que o autor não deu um final digno para o seu personagem preferido e por este motivo, resolve fazer justiça com as próprias mãos. Em um fatídico dia, uma visita mascarada acaba roubando todo o dinheiro e todos os manuscritos de Rothstein, histórias não lapidadas que um dia ganhariam atenção, mas agora não mais, pois o escritor estava morto.
Anos após, em 2009, a família Saubers vê sua vida se complicar após Tom, o patriarca da família, ter sido atropelado pelo assassino da Mercedes, um dos protagonistas do livro anterior. Tom enfrenta problemas financeiros e físicos, além disso, suas brigas com a esposa Linda se tornam diárias, tudo por que está nas costas dela o sustento da família e ele se sente incomodado.
Peter ficou deitado sem conseguir dormir por bastante tempo naquela noite. Pouco tempo depois, cometeu o maior erro de sua vida.
As coisas parecem mudar, quando Peter Saubers, o filho adolescente do casal, encontra no pátio de sua casa um tesouro escondido, muito dinheiro e livros nunca antes públicos. Tudo sob a autoria de John Rothstein. O conteúdo do baú, pode trazer de volta a estabilidade financeira para sua família, mas os manuscritos acabam conflitando e envolvendo Peter de diversas formas, inclusive o aproximando de um perigo real.
Rotina Agridoce
De início, toda esta premissa parece confusa, mas Stephen King sabe como ninguém interligar todos os personagens e acontecimentos. É incrível como o autor consegue dar o destaque merecido para o passado de certos personagens, e isso é uma característica bastante positiva dentro do livro. Coletamos detalhes e nuances essenciais para o entendimento da história com estas pequenas doses do passado. Permite que você compreenda e perceba exatamente o que o autor quer entregar na história como um todo após o desfecho do livro. E eu acho que está é uma das melhores características do autor. Ele pensa em todas as etapas da sua criação. Este sim, é o verdadeiro gênio.
Aqui Morris e Peter estão fortemente interligados por um personagem e por todas as sensações que a história de Jimmy proporcionou a eles. King trabalha muito bem a personalidade de cada um, os criando complexos e impressionantes de alguma forma. Chega a ser engraçado o que King faz conosco neste livro, ele é capaz de fazer com que o leitor se identifique com o assassino, apenas pelo seu amor a literatura, no caso de Morris, pela sua obsessão por O Corredor. O autor já fez algo parecido em Misery, com a personagem Annie Wilkes.
Para os leitores, uma das descobertas mais eletrizantes da vida era a de que eles eram leitores, não apenas capazes de ler (o que Morris já sabia), mas apaixonados pelo ato. Desesperadamente. Incorrigivelmente.
Bill Hodges, apesar de presentear a série com seu nome, tem um destaque menor em Achados e Perdidos do que teve em Mr. Mercedes, aqui Jerome e Holly, assistentes de Bill, ambos que também são ótimos personagens, ganham um destaque interessante e essencial para a trama. De qualquer maneira não deixamos de ter pequenas doses do nosso investigador preferido, ficamos satisfeitos, principalmente quando descobrimos que estas doses do investigador então ligadas ao assassino de Mr. Mercedes, mas quanto a isso, não darei spoilers. Então, leiam! Achados em Perdidos te envolve de forma única, prometendo personagens atraentes e um final arrebatador. Digno do King.
- Finders Keepers
- Autor: Stephen King
- Tradução: Regiane Winarski
- Ano: 2016
- Editora: Suma
- Páginas: 352
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