Há milhares de anos uma guerra se desenrola entre o povo Avicen, criaturas com penas no lugar de cabelos e pelos e o povo Drakharin, criaturas com escamas que remetem aos dragões. Esses dois povos vivem no nosso planeta há anos, porém sem nosso conhecimento e ambos são capazes de usar magia.

Um dia a Ala, do povo Avicen, encontra uma garotinha humana morando em uma biblioteca. A Ala decide levar essa garotinha para o Ninho dos Avicen e passa a criá-la como um deles. A garota cresce e passa a ser chamada de Echo, nome que ela mesma escolheu. Echo, já adolescente, não se encaixa muito bem entre os Avicen e prefere morar na biblioteca, porém mantém contado com eles e tem até amigos Avicen, além da própria Ala.

Echo tem o costume de furtar pessoas na rua e um dia ela rouba uma caixa de música de um feiticeiro. Após mostrar o item para a Ala, ela manda Echo para uma missão, encontrar o Pássaro de Fogo. Acontece que Echo não faz ideia do que seja o Pássaro de Fogo, que vai muito além do que as lendas dizem. Ela então inicia essa jornada com a ajuda de companhias um tanto quanto inesperadas.

De acordo com as nossas profecias, o Pássaro de Fogo acabará com esta guerra contra os Drakharin, mas a natureza do fim depende de quem o controlar.

Vou começar dizendo que eu já fiquei animada com esse livro logo nas primeiras páginas. No início somos apresentados ao povo Avicen aos olhos de Echo. Apesar de ela achar que não pertence completamente a essa comunidade, Echo realmente os admira e aprendeu com eles tudo o que sabe. Os Avicen vivem no subterrâneo de Nova York e são um povo literalmente mágico. Pense no cenário de Harry Potter, Os Instrumentos Mortais e Senhor dos Anéis e você terá uma ideia de onde a autora se inspirou para escrever essa trama. Aliás, ela faz referências diretas a obra de Tolkien, o que é bem legal.
A história é narrada em terceira pessoa, porém o ponto de vista varia entre os personagens. No começo do livro a perspectiva é mais de Echo, intercalando com Caius, o líder do povo Drakharin. Achei isso importante pois o leitor vai conhecendo os dois povos ao mesmo tempo e começa a entender as semelhanças e diferenças entre os dois.
O povo Drakharin me lembrou mais Game Of Thrones, não por causa dos Targaryen e sim por eles serem mais sanguinários e impiedosos que os Avicen. Você começa o livro não simpatizando muito com os costumes deles, mas com o passar do tempo, a história se modifica e as coisas tomam um rumo interessante.
Quanto a Echo, ela é bem sarcástica e mesmo deslocada entre os Avicen, percebemos o quanto ela nasceu para viver nesse mundo de magia. Ela faz piadinhas com tudo e é uma ladra muito habilidosa, usando um ou dois truques de magia para se livrar das enrascadas que se mete quando comete crimes. O passado de Echo fica meio em suspense nesse primeiro volume, mas acredito que a autora dará mais atenção a história dela. Tenho até a sensação de que isso será bem importante para os outros livros. A escrita da Melissa é boa, apesar de em alguns momentos dar indícios de ser inexperiente. Pelo o que eu vi no twitter da autora ela já publicou o segundo volume nos EUA e está escrevendo o último e terceiro volume enquanto vocês leem essa resenha.
Preciso dizer que algumas vezes notei que as falas dos personagens e suas ações meio que não se encaixavam, mas acho que a autora começou bem a história e, sabendo que será uma trilogia, imagino que ela vá dar um curso objetivo e interessante para a trama. O interessante em trilogias é que o autor vai deixando pequenas “migalhas” pelo caminho e, se prestarmos atenção, conseguimos antecipar o desfecho e os acontecimentos futuros.

Voltando ao personagem Caius, no começo ele se mostra bem frio, igual aos demais personagens de seu clã, mas ao longo do livro ele revelou suas camadas, uma a uma, e acompanhar o desenvolvimento dele compõe o desenrolar da história de um jeito bem instigante. A irmã dele, Tannith, pelo o contrário, tem uma personalidade bem forte e um gênio indomável.A autora ainda dá a oportunidade de conhecermos o ponto de vista de outros personagens como Jasper, um amigo Avicen de Echo que também é um saqueador. Jasper é um cara muito carismático, fica dando em cima das outras na maior cara dura, mas no fundo ele tem um lindo coração. Já a melhor amiga de Echo, Ivy é uma Avicen bem na dela, toda certinha, ela é aprendiz de curandeira e está sempre ao lado de sua amiga. Outro personagem interessante é o Dorian, fiel escudeiro do Caius. Ele é um cara leal, mas um pouco amargurado por causa da guerra.

Enfim, a história tem muitos personagens bem escritos. Você percebe que a autora desenhou a personalidade de cada um com muito cuidado. Eu já tenho meus favoritos, mas chega de falar deles se não vou acabar soltando algum spoiler. De modo geral, A Profecia do Pássaro de Fogo dá início a uma trilogia que tem tudo para dar certo, mesmo a autora sendo tão nova e inexperiente. Acho que quem curte esse universo mágico, cheio de aventuras, romance e um pouco de drama, vai curtir bastante esta leitura.

  • The Girl at Midnight
  • Autor: Melissa Grey
  • Tradução: Flávia Souto Maior
  • Ano: 2016
  • Editora: Seguinte
  • Páginas: 360
  • Amazon

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