Atenção! Por se tratar de uma continuação, a resenha de Anne de Avonlea conterá spoilers sobre Anne de Green Gables, primeiro volume da série.
Confira a resenha de Anne de Green Gables
No final do volume anterior, Anne conseguiu a tão sonhada licença de professora e passa a dar aulas em Avonlea, possibilitando assim que ela fique perto de casa e possa continuar ajudando Marilla, que além de estar perdendo a visão, perdeu todo seu dinheiro e o irmão. E é neste contexto que acompanharemos as novas aventuras de Anne, que inicia a história com dezesseis anos até seus dezoito, prestes a começar a lecionar em sua antiga escola e prestes a entender a realidade do seu trabalho, que além de desafiador servirá como um teste pessoal e para seus planos futuros.
Em Anne de Avonlea, Anne já é uma quase adulta e já conquistou o amor do povoado de Avonlea. Neste livro seremos apresentados a novos personagens, todos muito interessantes e carismáticos, como no caso dos gêmeos Dora e Davy, filhos de um primo distante dos Cuthbert que irão passar uma temporada na propriedade de Green Gables, ao lado de Marilla e Anne. Também conheceremos a Associação Para Melhorias em Avonlea, grupo criado por Anne e seus amigos.
Aqui, além de já reconhecermos uma Anne com seu jeito único e especial em ver o mundo, continuaremos acompanhar as (des)aventuras, alegrias, aprendizados e também lágrimas de Anne. Há várias questões novas aqui sendo trabalhadas pela autora e entre as principais está o desafio que Anne precisará enfrentar em educar crianças cheias de energia, sem deixar de lado seus princípios. Naquela época, métodos de correção eram muito utilizados pelos professores, algo que Anne sempre abominou, mas quando a sala de aula parece incontrolável, como agir?
A autora questiona a eficácia destes métodos de ensino, o que com certeza pode ser interpretado como uma crítica a época. É Anne que apresenta novos modos, acreditando que com respeito e carinho é possível atingir os mesmo resultados com uma criança.
A personagem consegue fazer este paralelo através de sua relação com Davy, um dos gêmeos. O menino é realmente uma pimentinha, mas Anne vê muito dela no garoto, porém a relação que ganha a atenção do leitor neste livro é a de Anne com Paul Erving, um garotinho que também vai roubar seu coração, se prepare.
Perceber laços já estabelecidos no livro anterior se fortificando neste é só mais uma coisa que acompanharemos aqui. A amizade de Anne com Diana continua nos encantando e a de Anne com Gilbert só cresce, ainda mais quando descobrimos um ato extremamente altruísta de Gilbert em relação a Anne. Aquela rivalidade infantil com certeza ficou pra trás e aqui começamos a perceber novas possibilidades para os dois.
É interessante mencionar que nesta época, não existia praticamente adolescência, as crianças eu seus quinze para dezesseis anos, já pulavam diretamente para a vida adulta, ou seja, o turbilhão de sentimentos é ainda mais caótico na vida desses personagens que precisavam amadurecer na marra para superar qualquer intempérie da vida. E eu apesar de ler muito romance histórico, nunca parei para pensar nesta questão mais profundamente. Então se você acha que hoje as coisas acontecem muito rapidamente, anos atrás esta transição quase não existia.
Em suma, Anne Shirley continua a mesma sonhadora, porém mais madura e responsável. Tudo que acontece ao seu redor continua sendo extremamente interessante para o leitor e ela continua nos apresentando um mundo com uma visão positiva, seja em sua casa, com seus amigos ou na escola. Sua sabedoria quase adulta e toda a doçura da personagem promete cativar você leitor, que, se ainda não se rendeu aos encantos desta ruivinha, vai muito em breve! E a narrativa continua com seu tom de bom humor, equilibrando os sentimentos sempre quando precisa.
Eu adorei conhecer os novos personagens apresentados aqui, adorei ver a relação de Anne com todos eles e o quanto isso se desenvolveu das melhores formas possíveis. Amei as novas relações surgindo e outras se fortificando e amei ainda mais a união e companheirismo que Anne e Marilla desenvolveram, as duas que só tem uma a outra neste momento, que começou desde a rejeição de Marilla lá no primeiro livro, que não tinha o mínimo jeito com crianças até o respeito e admiração que encontramos nas paginas de Anne de Avonlea.
Entre os dois livros, com certeza este me encantou ainda mais. A trama é mais cativante, nos deixa mais curiosos e passamos a torcer pelos acontecimentos. Com certeza esta é uma leitura que continuarei acompanhando e eu não vejo a hora de ler Anne da Ilha. Aliás, se você ainda não notou, os títulos dos livros remetem ao lugar que Anne está “conquistando”. Primeiramente ela precisava desbravar o mundo de Grenn Gables, propriedade dos Cuthbert, após isso, Avonlea, o condado onde vive, e agora precisa conquistar a Ilha de Príncipe, província do Canadá onde a história se passa! Eu adorei entender isso.
E você, já leu Anne de Green Gables, já assistiu a série? Pretende acompanhar a vida de Anne Shirley? Me conta!
Detalhes da edição
- Anne of Avonlea
- Autor: L. M. Montgomery
- Tradução: Anna Maria Dalle Luche
- Ano: 2020
- Editora: Martin Claret
- Páginas: 368
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