Jennifer Merrick sabe que não é como as outras jovens de sua idade. Aos dezessete anos, está presa a um convento desde os quinze por seu comportamento impulsivo e considerado inaceitável pela sociedade em que vive. Sua irmã por outro lado é um primor, a perfeita dama, aquela que sabe se portar, que aceita receber ordens e que não afronta seu pai.
Duas jovens que nada possuem em comum, a não ser o carinho que nutrem um pela outra. E é durante um passei pelo terreno da abadia que ambas são raptadas pelo irmão do temido Lobo Negro. Mas engana-se quem pensa que a reputação horrenda do guerreiro irá oprimir e impedir a jovem Jennifer de tramar contra ele e seu bando.
O que mais amo na escrita da Judith é a dualidade de sentimentos que ela proporciona. Ela de fato nos leva do Alfa ao Ômega, onde amamos e odiamos seus protagonistas na mesma intensidade. São muitas as reviravoltas, os altos e baixos, obstáculos a serem enfrentados e em determinado momento começamos a acreditar que não terá mais jeito, que a mágoa e a frustração alcançarão um nível difícil de ser superado.

(…) Jenny flutuava entre a paz total e uma alegria estranha e delirante. Era a segunda vez que ele a fazia sentir coisas maravilhosas, assustadoras e arrebatadoras. Porém, naquele momento, ele a fizera sentir outra coisa: sentir-se necessária, apreciada e desejada, e essas eram as três coisas que ela desejava sentir desde que se entendia por gente.

Royce tem um nome a zelar, ele é o temido Lobo Negro. A lenda que paira sobre sua cabeça o torna cada dia mais poderoso e cruel. Ele luta pela Inglaterra, foi enviado para invadir a Escócia a fim de ganhar território para seu rei. E é em meio a sua missão, que seu irmão sequestra duas jovens, mas não quaisquer jovens, as filhas de um poderoso laird, o que seria genial, ele poderia usar ambas como moeda de troca, tornando assim sua batalha mais curta. O problema é que a jovem ruiva é um espirito selvagem, difícil de ser domado e faz o inimaginável para conseguir escapar de seus soldados altamente treinados. Uma pequena diaba, que o desafia, intriga e encanta. Que insiste em leva-lo ao limite.
Jennifer não consegue acreditar em sua má sorte, ser capturada pelo Lobo Negro é como ter seus dias de vida contados. Entretanto ela é uma Merrick, e Merrick nenhum sente medo de qualquer coisa, e enquanto o bando que a sequestrou trama maneiras de invadir as terras de seu povo, com a mesma determinação, ousadia e coragem, ela trama para se ver livre de suas garras. Uma batalha árdua, que irá enfurecer seu algoz.
Que livro maravilhoso! Ambientado em uma Escócia medieval, com cenários de roubar o fôlego, Judith nos atrai para o meio de uma guerra. De um lado temos a Inglaterra, representada pelo Rei Henrique, tendo como guerreiro o indomável Lobo Negro e do outro a Escócia, tendo como líder o Rei Jame e a destemida Jennifer. E a principal batalha é entre dois corações que quanto mais se repelem, mais se atraem, precisando lidar com inúmeros mal-entendidos e intrigas por poder.
Jennifer é o tipo de protagonista que fascina. Sua juventude, força e determinação são admiráveis. Tudo que ela mais quer, é ser respeitada e amada por seu povo, que seu clã tenha orgulho dela e que seu pai a note. Uma missão praticamente impossível, dadas as circunstâncias e falta de caráter dos membros de sua família. Mas ainda assim, essa pequena notável se mantém leal aos seus, deixando-nos aqui do outro lado enfurecidos e loucos para que ela acorde e tome o caminho certo.
Já Royce, esse guerreiro é majestoso, um homem inteligente, mandão, grosseiro e apaixonante. O que mais amei sobre ele, é que quanto mais o conhecemos, mais descobrimos que nada é realmente o que parece, ele tem camadas e mais camadas. É dono de um coração generoso, honrado e gentil. Uma força da natureza com certeza, que precisou encontrar alguém tão impulsivo, inconsequente e ardiloso quanto ele para compreender que a vida é muito mais que um campo de batalha.

Que loucura, querer pedir à pessoa que lhe causara a dor que a curasse. E no entanto, ainda durante a ceia, naquela noite, quando a manga dele lhe roçara o braço, tinha querido aninhar-se contra o seu peito e chorar.

Um Reino de Sonhos possui sua própria maneira de nos envolver. Em uma época onde as mulheres não eram ouvidas, não tinham suas vontades respeitas e eram tidas como objetos para o que seus pais e protetores fizessem o que bem intendessem com elas, é difícil não ler a obra e sentir certo ranço em alguns momentos. Talvez por essa razão o romance tenha demorado para me convencer. Porém, com o passar das páginas, com o amadurecimento dos personagens, com todas as cartas sobre a mesa, tudo floresce e encanta. Como amar aquele destinado a ser seu inimigo, que você cresceu aprendendo a odiar? Como ir contra tudo que você um dia acreditou, contra aqueles do seu sangue?
Intenso, peculiar, ousado, tudo sobre este romance irá te surpreender ou chocar de alguma forma. Mesmo que fique aqui falando sobre este livro, nada irá ser capaz de demonstrar a grandiosidade do enredo, e o tamanho do talento desta autora. Eu amei a leitura, me envolvi com uma jovem sonhadora, buscando seu reino do sonho e que luta bravamente pelo que acredita, me apaixonei por um guerreiro feroz e muito justo, ambos buscando por sua felicidade, por uma vida livre e em paz. Se tiverem a oportunidade, leiam esta obra, seus corações serão arrebatados.
Este é o primeiro volume de uma trilogia, composta pelos livros: Um Reino de Sonhos, Whitney, Meu Amor e Até Você Chegar. Mas podem ficar tranquilos porque cada livro é independente e passam em uma época diferente.

  • A Kingdom of Dreams
  • Autor: Judith McNaught
  • Tradução: Valéria Lamin
  • Ano: 2018
  • Editora: Bertrand Brasil
  • Páginas: 376
  • Amazon

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