Maggie irá se casar em poucos dias e aquela pode ser a última noite de liberdade que ela terá ao lado das suas seis melhores amigas. Elas saem, bebem, se drogam, dançam, abusam do perigo, mas voltam para casa, todas dormem, só cinco acordam na manhã seguinte, uma delas acaba de ser assassinada.

A notícia atinge cada uma das amigas de maneira arrebatadora, o corpo de Angie foi encontrado em um parque próximo da sua casa, ela já estava sem vida, nada pode ser feito, agora Maggie e suas amigas estão completamente assustadas, parte porque elas acabam de perder alguém próximo de uma maneira terrível, parte porque a história que elas irão contar à polícia terá várias falhas e inverdades, fazendo a polícia ficar ainda mais ressabiada com o caso.

A polícia começa a investigar o assassinato e a primeira medida que tomam é a mais esperada: procurar pelas amigas, com as quais ela passou a última noite de sua vida.

Esse foi um daqueles livros que eu enrolei pra ler, sem um motivo muito específico. Tinha gostado da sinopse, mas quando ele chegou para mim achei que não fosse ser tudo aquilo que o resumo falava sobre ele, ledo engano… ele foi muito mais do que eu poderia ter pensado, e me arrependi muito de ter demorado tanto para ler.

A história é muito fluida e bem escrita, começando com as ações daquela fatídica noite e em seguida com o telefonema recebido por Maggie, avisando do assassinato de uma de suas melhores amigas. Todo enredo é muito penetrante, A Última Noite é repleta de detalhes escabrosos, com muitas dúvidas sobre o que está sendo contado, dúvidas estas deixadas para o leitor também, que só durante o decorrer da história vai descobrindo quem está mentindo e quem realmente está falando a verdade.

Este tipo de narrativa é sempre perigoso, as vezes deixa o livro pesado, as vezes ele fica sem sentido. Em outras oportunidades acabamos vendo só um emaranhado de coisas atrapalhadas e completamente irreais, mas Catherine O’Connell consegue construir um desenvolvimento perfeito, quase sem erros, muito envolvente e cheio daquele suspense penetrante, que deixa o leitor cada vez mais ansioso para chegar ao final da obra e descobrir toda verdade.

E por falar em final, este livro tem um dos finais mais completos que já li em thrillers. Eu sempre fico com aquele sentimento de “e o que aconteceu com os personagens depois disto, o que há depois da página final?”, e ela conta tudo!

De forma rápida a autora faz a principal narradora da história escrever algo como um epílogo para contar aos seus leitores que fim deu na sua vida, assim como sobre a vida de outras personagens, em um segundo epílogo. Algo realmente original, que me surpreendeu muito e fez que qualquer dúvida sobre a qualidade desta história deixasse de existir e eu tivesse certeza de que ela foi uma leitura digna de ser favoritada.

Apesar do livro ter recebido as sonhadas seis estrelas, meu jeito de colocá-lo como uma leitura perfeita, ele não está entre os cinco melhores livros que li neste ano. Talvez fique até fora do meu top 10 do ano, o motivo é que, na minha opinião, falta um pouquinho de elaboração em seu mistério, que pode ser considerado um pouco simplório, mesmo que envolva uma trama bem estruturada, literariamente falando.

Mas não foi isto que me incomodou na história, eu quase diminuí a sua nota pelo fator sexual que a permeia, muitas coisas nesta história envolvem sexo, e apesar de eu ser adulto e acostumado a ler cenas sobre o assunto, acabei me incomodando com a maneira como o sexo é tratado na história. Com um “quê” romântico e um pouco carregado da luxúria como um pecado, o sexo se torna um personagem e ver as pessoas tomando decisões errados apenas em busca do prazer, deixou as coisas meio banais e vergonhosas para mim, tendo aquele sentimento de ser julgado caso alguém lesse as frases que eu estava lendo.

Mas este pequeno probleminha não estraga a experiência, e foi completamente esquecido por mim quando eu cheguei ao final da história e vi os dois epílogos lá, dando atenção para algo que sinto muita falta nas centenas de livros que já li. Achei isso tão fenomenal que terminei o livro sorrindo, principalmente porque os finais realmente eram coerentes com as histórias e tão surpreendentes quanto a história que é contada.

A Última Noite me surpreendeu, foi uma leitura bem melhor do que eu esperava e me fascinou, causando sensações boas durante sua leitura, e me dando um detalhe que o fará ser lembrado por muitos anos como “aquele livro que tem um epílogo contando como os personagens ficaram”, se diferenciando de outros e se tornando marcante.

  • The Last Night Out
  • Autor: Catherine O'Connell
  • Tradução: Marcia Men
  • Ano: 2022
  • Editora: Planeta de Livros
  • Páginas: 320
  • Amazon

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