Quando Noelle e Daisy estavam no ensino médio e tiraram algumas fotos para o projeto de cápsula do tempo da escola, elas não imaginavam que esse seria o último registro de sua amizade. Anos após o trágico acidente de carro que levou sua amiga, Noelle continua esperando o momento do reencontro da época da escola para rever aquele fragmento de sua vida, mas não contava com o fato de uma nevasca atrapalhar seus planos. Fechando as estradas e fazendo com ela tenha que passar algumas horas no carro até que enfim sejam liberadas para poder seguir em frente.
A vida era mais fácil quando a gente não estava sempre tão disponível e não era tão fácil ser interrompido, não acha?
Tudo fica mais fácil quando, Sam, um americano desconhecido, a ajuda com a bateria de seu celular que está quase no finalzinho. Durante oito horas incríveis juntos, eles se conhecem melhor, sentem uma química incrível e percebem que, se quisessem, poderiam ter algo mais do que uma amizade inesperada. Porém, embora tenha sido maravilhoso, quando as estradas são liberadas, os dois não trocam telefone ou outro meio de contato, mas o destino insistirá em promover vários reencontros, a todo instante, decidido a manter esses dois sempre pertinho um do outro.
Essa foi uma das leituras mais gostosas que fiz esse ano. Um livro divertido e rápido de se ler que, ao mesmo tempo em que carrega uma fofura no ar, consegue abordar temas importantes dos dias de hoje, como a depressão e o luto.
E voltar no tempo não é algo que todos queremos de vez em quando?
Noelle é uma protagonista super cativante e engraçada, uma mulher que se doou por completo para sua família, que sentiu a perda da amiga Daisy com uma profundidade imensa e que, após o derrame da mãe, acabou deixando de lado seus sonhos, por medo de perder mais alguém que amava. Ao longo da narrativa, acompanhamos sua história de vida e sua vontade de mudar seus rumos, dando asas às suas ambições esquecidas pela sobrecarga do dia a dia.
Mesmo que o encontro daquele dia da nevasca tenha ficado para trás como uma linda lembrança, Sam ainda é como um sonho para ela: alto, forte, bonito e interessante, ele parece ser seu par ideal, mas sua reticência em se entregar àquela química perfeita confunde Noelle a todo instante. Será que ele poderia ser comprometido e por isso tenha deixado aquele papel amassado com seu telefone no banco do hospital em que se viram novamente?
Minha vida começou. Já estou nela…Mas o que eu queria da minha vida era isso?
As coisas ficam ainda mais complicadas quando a mocinha da trama vê seu ex-namorado de volta à cidade e os sentimentos confortáveis do passado, quando o futuro ainda era cheio de possibilidades, tornam a mexer com o seu coração machucado.
O desfecho é bem legal, com uma grande virada que eu já desconfiava, mas que foi essencial para o livro terminar bem amarradinho e com aquele clima de quentinho no coração. Também adorei como a autora aborda os temas mais pesado da trama, sem perder a leveza mas, ainda assim, mantendo a seriedade sobre esses assuntos, fazendo com que o leitor sinta que os personagens são palpáveis e falhos, como todos nós.
Como eu previa, foi um favorito do ano e eu espero que a Lia escreva mais romances maravilhosos como esse. A capa pode até sugerir uma leitura boa para o Natal, mas, tirando a neve, esse é um livro para qualquer época do ano e para quem precisa de uma dose de esperança na vida.
- Eight Perfect Hours
- Autor: Lia Louis
- Tradução: Lígia Azevedo
- Ano: 2022
- Editora: Paralela
- Páginas: 304
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