Um assalto acaba de interromper a vida pacata e turística de Paris. O antiquário de Jules e Edith Férel acaba de ser assaltado, tiros são disparados e Jules acaba desaparecendo. A família, que era conhecida na cidade vê a notícia ganhar as manchetes e o caso ficar bem peculiar. Vendo que algo não muito normal está acontecendo, o filho de Jules começa a investigar sozinho o caso, ele não confia suficientemente na polícia e acredita que o sumiço do pai está ligado a algo que pode ser muito maior do que aparenta.

Os motivos para a desconfiança são importantes, seu pai começou a ter interesses que o deixavam em alerta, principalmente sobre a obra de uma pintora chamada Rosa Bonheur, a quem Jules estava muito dedicado, na busca incansável de seu trabalho.

Vendo que o assalto pode ter algo a ver com roubos de obra de arte, o rapaz decide convidar um grande amigo para que ele o ajude nas investigações. Ele se chama Assane Diop, um grande fã de Arsene Lupin, e que certamente saberia as melhores estratégias para nunca ser pego e fazer um bom trabalho na busca de quem bagunçou por completo a família Férel.


Nos últimos anos, o nome de Arsene Lupin vem sendo muito falado pelo mundo, principalmente devido a série da Netflix (Lupin), que resgatou o trabalho do genial Maurice LeBlanc, que criou o anti-herói frânces, para bater de frente com o investigador inglês Sherlock Holmes.

Apesar de eu não ter gostado nenhum pouco da série, é inegável que ela deu certo, motivando várias editoras a relançarem os livros do bandido francês. Acho isso super válido, esse intercâmbio entre televisão com a literatura, que cria um aumento nos números de leitores, algo que sempre agrega para o nosso meio.

Me apaixonei pelos livros de Lupin, achando sensacional suas características e a sua personalidade, Maurice LeBlanc escrevia absurdamente bem e não é à toa que suas obras viraram tão memoráveis quanto as obras de Arthur Conan Doyle. Mas claro que todo esse hype fantástico também traz situações que eu não acho tão positivas, uma delas é o fato de, pelo autor já ter morrido há muitos anos e sua principal obra já estar em domínio público, a história de Lupin pode ganhos vieses, na maioria das vezes sem a mesma qualidade, infelizmente.

Este é o caso de A Rainha em Xeque, que de Lupin tem pouquíssimo. A essência da obra original está apenas nas memórias de um fã que acha que aprendeu algo com os livros e que conseguirá usar esse “conhecimento” para solucionar um mistério.

Além do roteiro fraco, achei o livro mal escrito, o autor utiliza-se do artifício de a todo momento relembrar as histórias clássicas do bandido famoso, citando no texto seus feitos e cenas memoráveis em momentos até onde nem caberia aquela comparação. A trama que carrega o enredo poderia ter sido abordada de uma maneira muito melhor, principalmente se não envolvesse Lupin, que poderia ter servido apenas de inspiração para o autor.

Achei a ideia de história boa, mas na minha opinião, mal executada. Gosto muito de tramas que envolvem obras de arte, um cenário bastante amplo e também muito distante da maioria das pessoas, portanto o “desconhecido” deste tema sempre acaba comprando o leitor, mas dessa vez isso não foi o suficiente. Eu tinha ótimas expectativas para A Rainha em Xeque e infelizmente o livro passou longe de correspondê-las, o que é sempre péssimo, deixando aquela frustração terrível.

De forma geral, Lupin não é o único que sofre com as adaptações desenfreadas, seu arquirrival, Sherlock, já teve livros até onde precisa enfrentar Cthulhu, ao mesmo tempo em que a uma Netflix de distancia pode acompanhar sua irmã Enola, enfrentando vilões. Essa por sua vez, é muito adorada e reacendeu mais uma vez Holmes no meio literário. É uma pena que a técnica nem sempre dê certo.

Avaliação: 2.5 de 5.

RESENHA REEDITADA EM PARCERIA COM JOICE CARDOSO

  • Lupin: Échec à La Reine
  • Autor: Bertrand Puard
  • Tradução: Caroline Silva
  • Ano: 2023
  • Editora: Planeta de Livros
  • Páginas: 272
  • Amazon

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