No verão de 1996, Frankie estava prestes a enfrentar mais uma entediante temporada de férias em sua pequena cidade natal, Coalfield, até que conheceu Zeke. Juntos, os dois jovens criaram um pôster com uma frase enigmática que gerou um pânico generalizado entre os habitantes locais, desencadeando consequências inesperadas e desproporcionais. Vinte anos depois, Frances recebe uma ligação de uma repórter, e percebe que não há mais como escapar: é hora de confrontar o que ficou conhecido como o Pânico de Coalfield de 1996 ― algo que ela fez de tudo para manter em segredo ao longo dos anos.

Eu conheci o autor Kevin Wilson através de sua obra “Nada Para Ver aqui”, um livro que mexeu muito comigo. Então eu estava bem ansiosa por algo novo dele. Em Não Vamos Entrar em Pânico a arte tem um papel transformador na vida dos personagens, com uma reflexão sobre juventude e como algo simples pode ter grandes repercussões

O primeiro elemento legal dessa narrativa, é a ideia de fazer uma amizade temporária no verão. Zeke e Frankie fazem uma amizade muito legal e genuína e logo vão passar os dias juntos. Até a grande ideia do poster, que eles tiram xerox em casa e saem colando pela cidade. Os dois têm muitos sentimentos em relação a suas famílias e durante esse tempo juntos vamos acompanhar as conversas sobre tudo que eles pensam e sentem sobre suas famílias. 

“Eu sempre tive curiosidade sobre como você pode viver uma vida onde você nunca se preocupa com repercussões, nunca considera que a coisa que você fez repercute no mundo.”

Uma coisa curiosa é que os personagens me passaram uma vibe mais infantil do que a idade deles. Zeke, mesmo com a mudança drástica em sua vida por causa da traição do pai, pareceu mais maduro. Mas ele é um menino que se sente sozinho, então estar com Frankie o ajuda bastante a lidar com seus sentimentos. Já Frankie é mais agitada e sofre também por morar em um lugar onde nada acontece. Eu senti uma dependência dela em relação a amizade de Zeke, fato que confirmei mais para o final da leitura.

Acho que o autor usa um elemento muito legal de “mistério”, pois eu fiquei bastante curiosa sobre o poster e a frase dele. É bem legal imaginar uma cidade pequena em polvorosa por causa de uma frase espalhada pela cidade. Tudo vai escalonando, e a cidade se transforma. Até mesmo acontecimentos negativos tomam conta da cidade, o que mexe bastante com a dupla, principalmente, com Frankie.

Mas a narrativa começa mesmo com duas décadas depois,  quando Frankie, conhecida como  Frances Eleanor Budge, com uma vida consolidada, recebe uma ligação de uma jornalista, que diz saber de tudo sobre o Pânico de Coalfield de 1996. Obviamente, ela não tem como esconder e só resta falar como tudo aconteceu. Assim vamos para o passado acompanhar o verão de 1996. Mas teve uma coisa que eu fiquei pensando muito depois da leitura: o fato de Frankie ficar tantos anos atormentada pelos acontecimentos desse verão. Mesmo depois de adulta, ela decidiu manter isso em segredo, não dividindo esse momento de sua vida nem com seu marido. Inclusive, aqui ela toma uma decisão, a qual eu não gostei muito. 

Kevin Wilson aborda uma geração que não tinha uso excessivo da tecnologia e além disso explora como a arte pode mudar a vida das pessoas. A narrativa explora a transformação desses personagens, esse momento em que jovens são rebeldes e que o autoconhecimento é muitas vezes doloroso. Além disso, vemos os personagens lidar com as consequências de suas ações.

  • Now Is Not the Time to Panic
  • Autor: Kevin Wilson
  • Tradução: Débora Landsberg
  • Ano: 2023
  • Editora: Harper Collins
  • Páginas: 256
  • Amazon

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