Como Desvendar seu Próprio Assassinato, por Kristen Perin

Como Desvendar seu Próprio Assassinato, de Kristen Perin, é o primeiro volume da trilogia “Os arquivos de Castle Knoll”, publicado pela Universo dos Livros. O segundo volume, “How To Seal Your Own Fate”, (Como Selar seu Próprio Destino) está com seu lançamento programado para 2025.

Castle Knoll, 1965, Frances Adams e suas amigas vão a uma cartomante. Encontrando algo diferente do esperado, Frances recebe a notícia que será assassinada. As falas da cartomante mexem muito com ela, e ela leva essa informação para sua vida. Assim, ela passa 60 anos envolvida em impedir um possível crime que levaria à sua morte. Mas durante todo esse tempo de sua “paranoia” ninguém a levou a sério.

60 anos depois, Annie Adams, uma escritora de livros de suspense, recebe um convite para ir até Castle Knoll resolver questões do testamento de sua tia-avó. Ela só não imaginava que ao ir até lá encontraria Frances morta. Para surpresa de todos, o texto do testamento deixa claro que somente a pessoa que resolver o assassinato herdará a fortuna de Frances. Annie vai usar todos seus conhecimentos de escritora de suspense para desvendar esse mistério.

“Seu futuro contém ossos secos.”

É assim que acompanhamos as duas linhas temporais dessa história. No passado, conhecemos Frances e veremos como sua obsessão por evitar a morte começou; e, no futuro, temos Annie investigando o assassinato da tia-avó. Eu acho esse livro um bom exemplo de como uma autora pode pegar tudo que tem de mais legal em livros de mistérios e detetives e colocar em uma trama única. A trama é rápida e há muitas reviravoltas, o tempo todo algo está acontecendo e estamos descobrindo uma informação nova. Mas acho que aqui a autora também peca, nesse excesso de informações. É difícil explicar para vocês que o mesmo elemento foi positivo e negativo na obra.

Annie é curiosa e inteligente, contudo eu tenho algumas ressalvas sobre a protagonista. A autora errou em fazer ela parecer mais inteligente que o próprio detetive. A tensão e a pressão em relação ao crime são fatores que motivam a protagonista na investigação. É interessante ver como a autora coloca elementos que vão deixando ela cada vez mais próxima da realidade, mas também com um instinto de proteção àqueles que ela ama. Mas, eu tive dúvidas sobre seus reais sentimentos para com sua tia-avó, pois algumas falas não colaboram com falas ou pensamentos mais antigos. Eu realmente não acreditei que era genuíno.

“E eis a questão com as mentiras: são muito mais críveis quando se trata de uma ideia da qual você gosta.”

Frances é uma mulher realmente interessante. Seu modo de ser ingênuo vai ser responsável por prejudicá-la em alguns momentos. Seu comportamento meio obsessivo por causa da previsão de seu assassinato vira um traço de sua personalidade. Acredito que por acompanharmos o diário de Frances, me senti mais próxima dela. Seu passado é marcado pela sua amizade com Rose e Emily. Toda a linha narrativa do passado é superior a do presente.

Há muitos personagens, alguns, inclusive, aparecem nas duas linhas temporais. O que facilita no sentimento de desconfiança que foi tomando conta de mim em relação a essas pessoas. A trama fica bem amarrada e impressiona pelo número de segredos revelados. Por isso, é fácil desconfiar de muitos envolvidos. Toda essa construção complexa da trama, junto das revelações finais, me fez pensar sobre o tempo que o crime demorou para acontecer. Mas não deixa de ser interessante como a autora construiu as motivações do crime.

Como Desvendar Seu Próprio Assassinato tem tudo que um bom leitor de mistério gosta: duas linhas temporais, crime sendo investigado, segredos de pessoas envolvidas no passado e no presente, muitas revelações e uma ansiosa corrida contra o tempo. Estou curiosa para ver o que o segundo volume vai apresentar.