Em A Filha dos Ossos, de Andrea Stewart nos apresenta um mundo fantástico e sombrio, onde a magia e o poder são construídos através de fragmentos de ossos humanos. Com uma escrita envolvente e uma construção de mundo intrigante, o livro se destacou dentro do gênero da fantasia, após sua indicação ao Goodreads Choice Awards em 2020, oferecendo uma trama cheia de mistérios e personagens complexos.

A história gira em torno de Lin, uma jovem princesa que busca se firmar como sucessora do trono do Império Fênix, comandado pelo Imperador Shiyen Sukai. Seu pai é o maior dominador da magia de fragmentos de ossos, e se utilizou disso para ascender. Através dessa magia é possível criar golems que servem ao império. Lin, com o mistério sobre a verdadeira natureza de sua magia, precisa lutar para provar sua legitimidade e sua habilidade em comandar essa magia ancestral, mas seu desafio é não só político, mas também pessoal, já que Bayan – filho de criação de Shiyen – passa a ameaçar o seu posto.

O conceito de magia, baseado na extração e no uso desses pedaços de ossos, é uma das partes mais inovadoras do livro. A magia de A Filha dos Ossos é algo sombria, e seu vínculo com a morte e o controle de vidas traz todo um impacto à trama. A criação dos golems dá um tom fantástico e ameaça, funcionando como um símbolo da desumanização que permeia a política do império, que vem sendo questionada pelo povo que se mantem refém dessa situação.

A minha leitura de A Filha dos Ossos fluiu bem, as transições entre os diferentes pontos de vistas e tramas paralelas apesar de, as vezes, cortarem o ritmo da narrativa dentro do núcleo de determinados personagens, funcionam como recompensa para o próximo capítulo, o que acaba contribuindo com o andamento da história. A medida que a trama avança, as peças começam a se encaixar, e o leitor se vê cada vez mais imerso nas relações de poder e lealdade no livro.

A protagonista, Lin, é a figura central da trama. Ela é uma personagem determinada, mas em desenvolvimento, cheia de inseguranças, mas que também exibe uma força crescente à medida que enfrenta os desafios de sua posição no império do pai. A autora explora bem suas motivações pessoais, o que torna a jornada de Lin, com suas falhas e conquistas, uma personagem que mantém o leitor interessado na leitura do início ao fim.

Outros personagens, como o misterioso e isolado Jovis, que tem suas próprias motivações, também oferecem camadas adicionais à trama. A interação entre esses personagens é rica, e o livro faz um bom trabalho em desenvolver suas histórias individuais. No entanto, alguns personagens secundários poderiam ser mais bem explorados, mas acredito que nos próximos volumes da trilogia isso vá acontecer.

Ao final, A Filha dos Ossos é uma obra que, conquista pela sua originalidade, personagens cativantes e uma mitologia envolvente, que debate um senso de revolução. Andrea Stewart cria um cenário que mistura intriga política com magia, e oferece aos leitores um enredo misterioso e repleto de camadas emocionais. Se você é fã de fantasia épica com uma protagonista forte, um mundo rico e uma abordagem única da magia, se joga em A Filha dos Ossos.

  • The Bone Shard Daughter
  • Autor: Andrea Stewart
  • Tradução: Regiane Winarski
  • Ano: 2024
  • Editora: Gutenberg
  • Páginas: 400
  • Amazon

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