Para uma criança, o início do período escolar nunca será fácil. É o momento onde o círculo social da criança deixa de ser exclusivo da família para ser composta também por completos desconhecidos. É nesta fase que crianças modelam seus comportamentos e é praticamente isso que iremos acompanhar em Extraordinário, porém com um detalhe a mais.
August “Auggie” Pullman já passou por vinte sete cirurgias plásticas, todas para repararem a deformação facial causada pela síndrome que nascera. Agora, com 10 anos de idade, ele está indo pela primeira vez para a escola. Nela Auggie deverá aprender a conviver com outras crianças além de lidar com aquela sensação de ser observado a todo instante. A forma como Auggie é julgado por todos a sua volta, será narrado ao público pela perspectiva do próprio menino.
Extraordinário é a adaptação do livro homônimo da autora R. J. Palacio, um dos queridinhos lançados em 2013 pela Intrínseca. Apesar de abordar temas tão complexos, como preconceito e bullying, o roteiro do drama também flerta com a comédia, equilibrando bem os gêneros e causando o conforto necessário para quem assiste. Com Julia Roberts e Owen Wilson no elenco interpretando os pais de Auggie, é garantido que existirá diversos momentos descontraídos entre família, mas sem tirar todo o peso da história. Não é à toa que os dois atores transitam entre os gêneros tão bem.

Apesar de termos Auggie como protagonista, o filme também foca no seu núcleo familiar como um todo. Ele não recebe todo o foco da história, o que seria extremamente desgastante e até repetitivo de certa forma. Aqui conheceremos cada um dos personagens, com destaque para Via (Izabela Vidovic), irmã de Auggie, que desde os 4 anos de idade viu seu irmão mais novo virar o norte desta família. Desta forma, é fácil criar empatia por Via e o modo que ela busca se encaixar em algum lugar.
Este é um dos destaques da história. Entre as diversas (e normais) discussões dos irmãos, Via faz seu papel de irmã mais velha, relembrando Auggie de que ele não é o centro da Terra e nem daquela família. Neste viés, também iremos acompanhar a mãe de Auggie, que mesmo extremamente protetora e dedicada, teve seus planos profissionais adiados após o nascimento do filho. São nestas pequenas deixas que passamos a amar mais esta família como um todo e não apenas pelo problema de Auggie.
O enredo buscou trazer uma fotografia mais lúdica para a história, principalmente, quando temos Auggie interagindo com seus colegas e expondo ao público todos os seus sentimentos em relação sua condição em determinadas situações na escola. Elementos da cultura pop, como Star Wars, foram inserido na trama, o que faz com que a narrativa não perca ritmo e ainda explore muito bem os meios-termos da história, seja nos momentos mais dramáticos ou nos mais felizes.

Extraordinário é um filme extremamente sensível e comovente. Ao final do filme, mesmo com algumas lágrimas nos olhos, não há como esconder aquele sorriso e aquela sensação de quentinho no coração. É uma história linda, singela, mas que tem tanto a ensinar. O fato da história ter sido narrada por uma criança também toca o leitor de uma forma sem igual, as verdades ditas por Auggie machucam, mas fazem a gente refletir sobre a sociedade como um todo, independente da faixa-etária. Filmes assim são extremamente importantes para serem apresentados a todos, mas principalmente as crianças que poderão se identificar com a história. Desde cedo é preciso conviver com a diversidade, seja ela qual for. Além disso, o filme passa uma ótima mensagem sobre bullying e amizade na infância, época onde tudo é tão puro e sem meias-verdades.

Jacob Trembay já mostrou do que é capaz em O Quarto de Jack e aqui ele só reafirma todo o seu talento. Melhor ficarmos de olhos bem abertos nesse pequeno prodígio. Sutil, com um elenco competente e com uma direção e roteiro acertado, sob os olhares atentos de Stephen Chbosky e da própria autora respectivamente, Extraordinário agrada não só os fãs do livro, mas também aqueles que tiverem o seu primeiro contato com a história, a adaptação é competente nisso, entrega um bom material e ainda encanta com a excelente mensagem que passa.

  • Wonder
  • Lançamento: 2017
  • Com: Julia Roberts, Jacob Tremblay, Owen Wilson
  • Gênero: Drama
  • Direção: Stephen Chbosky

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