Nesse primeiro volume da trilogia Iskari, conhecemos Asha, a filha do Rei de Firgaard, um lugar onde os dragões são atraídos e fortalecidos por histórias. Quando era criança, Asha era atormentada por pesadelos, e sua mãe viu como única saída contar histórias para acalmá-la. Mas esse hábito acabou atraindo Kozu, o primeiro dragão, o mais feroz de todos, que destruiu a cidade e matou milhares de pessoas, e deixou a própria Asha com uma enorme culpa e cicatrizes que a marcaram para sempre.

Por causa dessa tragédia, Asha cresce e se torna uma caçadora de dragões habilidosa, que jura acabar com todos os dragões. Ela é conhecida como Iskari, que nas lendas antigas foi criada pelo Antigo e amaldiçoada quando se voltou contra ele. Essas lendas fazem parte das histórias proibidas porque atraem os dragões, mas no começo da história, Asha precisa voltar a conta-las em segredo, já que está ficando cada vez mais difícil atrair os dragões para mata-los.
Durante uma caçada em que acaba ferida com o tóxico fogo de dragão, Asha é chamada de volta por seu pai, que faz uma proposta para libertá-la do noivado com Jarek, o odioso comandante do exército. Mas antes de atender ao chamado do rei, ela vai tratar da queimadura e acaba conhecendo Torwin, um escravo skral que pertence a Jarek, mas que não se comporta como nenhum outro escravo, despertando a curiosidade de Asha. A Iskari aceita a proposta de seu pai, de matar o primeiro dragão e se redimir com o povo, mas essa tarefa vai revelar mais sobre a história do mundo e da própria Asha do que ela imagina.

Os heróis antigos eram chamados de namsara em homenagem ao amado deus. Mas sua filha seria iskari — como a deusa letal.

Eu adoro histórias com dragões, e a mitologia desse livro, onde são as lendas antigas que atraem e fortalecem esses animais fantásticos, é diferente de tudo que já vi. Além disso, o pano de fundo de intrigas políticas e traições deixa a história de redescoberta da Asha ainda mais interessante, uma vez que o passado dela está diretamente ligado a situação do Reino de Firgaard. A forma como desvendamos a verdade através das proibidas histórias antigas também é bastante envolvente, já que elas estão intercaladas entre os capítulos e nos fazem imaginar como cada história se relaciona com o que vai acontecer ao longo do livro.

Asha é uma garota atormentada pela culpa, que sempre acha que merece o pior devido à destruição que causou na infância. Por causa disso, ela se identifica com a figura da Iskari, que na mitologia desse mundo era a representação da escuridão e da morte. Mas a aproximação com Torwin, o escravo, vai lentamente mostrando a ela que nem tudo que ela acredita sobre si mesma é verdade.
Torwin é um personagem bastante complexo, e que se torna importante não só para a Asha, mas também para o desenvolvimento da história. Ainda vale mencionar Dax, irmão de Asha e herdeiro do trono, que é conhecido por suas más decisões e por isso é menosprezado pelo rei e pelo povo, mas que ao longo da história prova que é muito mais do que todos acreditam e esperam, e Safire, prima de Asha, a filha de uma relação proibida entre um draksor e uma skral. Safire é a melhor amiga da protagonista, sempre presente e apoiando a prima, mesmo sendo desprezada e hostilizada o tempo todo por causa de sua origem.

Em resumo, A Caçadora de Dragões é um livro muito bom, com personagens interessantes, fortes e com uma mitologia diferente e cheia de reviravoltas. Não é um livro com ritmo acelerado, mas é envolvente o suficiente para nos manter lendo até o final, ávidos pela resolução dos mistérios envolvendo as lendas antigas e a verdade sobre o passado da Asha.

  • Iskari #1 - The Last Namsara
  • Autor: Kristen Ciccarelli
  • Tradução: Eric Novello
  • Ano: 2018
  • Editora: Seguinte
  • Páginas: 384
  • Amazon

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