Um assassinato, uma cena de crime brutal, completamente confusa e sangrenta, a casa de um dos mais famosos jogadores de basquete da atualidade e um corpo. Esta é a cena encontrada pelo detetive Will Trent para que ele investigue. Uma investigação que o leva a enfrentar fantasmas próximos e reaviva diversas questões pessoais em sua mente e o deixa em um conflito particular enorme.
Will foi criado em um orfanato e uma das crianças das quais era mais próximo se tornou sua, agora, ex-esposa Angie. Uma mulher de temperamento forte e caráter duvidoso, que se envolve com diversos tipos de criminosos e trabalha para a assessoria de Marcus Rippy, o jogador de basquete, dono da casa onde se encontra a cena do crime. Atualmente, Trent namora sua ex-amante e agora colega de investigação: Sara.Angie está desaparecida e as investigações levam a crer que ela é a principal suspeita do crime, porém a cada passo dado mais corpos são encontrados e Angie segue com seu paradeiro desconhecido.
Esta é a tônica central da história, vários assassinatos, um provável suspeito, um triângulo amoroso e um policial em crise existencial. O livro gira em cima disso, a mecânica flui muito bem e prende a atenção do leitor com maestria.A relação entre os personagens centrais ganha bastante ênfase no enredo, este é meu primeiro contato com a Série Will Trent, então não saberia afirmar se a autora costuma explorar isto em todos seus livros ou não, mas achei que a investigação policial em si, se desprende do ritmo narrativo por alguns momentos e passamos a explorar mais detalhadamente a psique do personagem Will, o que se encaixa perfeitamente a história, mas pode decepcionar fãs mais exigentes do gênero.
Todo relacionamento, romântico ou não, tinha certo nível de egoísmo. Aumenta ou diminui dependendo de quem era mais forte ou de quem mais precisava.
O último ato é referente à conclusão de todo o caso e de todas as dúvidas e incertezas que a resolução antecipada causa no leitor.Achei muito bom esse recurso que a autora utilizou, mas pode desagradar a alguns leitores, como por exemplo quem lê para desvendar o mistério, você lerá quase meio livro já sabendo o que aconteceu e quem é o assassino, perdendo um pouco do clímax. Mas como Slaughter deixa claro desde o início, o livro é muito mais do que apenas uma investigação policial, os reais problemas estão o verdadeiro conflito está dentro da mente do protagonista, como ele irá se restabelecer e o que tudo isso irá causar em sua vida. Sem dúvidas, ela soube muito bem distribuir esses pontos na sua história.
A edição da Harper Collins é maravilhosa, eu recebi o livro através da parceria com eles e ele veio com uma sobre capa que eu achei sensacional. A capa dele é o rosto de uma mulher quase submersa, que pode não ter muito a ver com o livro, mas sem dúvidas, mais bela que a americana, que não é muito elucidativa. O trabalho feito pela Harper Collins ficou muito mais interessante, fato. O título faz parte total do enredo da história, mas para pegar esse insight você precisa entender bem o livro, inclusive achei mais interessante do que o título americano que é “The Kept Woman” algo como “A Mulher Oculta”. O trabalho feito pela editora em relação as traduções de livros é sem dúvida o melhor de editoras brasileiras, eles conseguem reproduzir exatamente o que o autor estrangeiro quis transmitir para seus leitores, sem que as informações percam ligação com a história e nós brasileiros não entendamos alguma artimanha que o autor tenha quisto passar para o leitor. Eles conseguiram reproduzir muito bem inclusive inserções feitas pela autora com coisas típicas americanas e que não fariam muito sentido para nós, alterando o texto para a realidade do brasileiro, deixando claro a emoção exposta ali.
- The Kept Woman
- Autor: Karin Slaughter
- Tradução: Marcelo Barbão
- Ano: 2017
- Editora: Harper Collins
- Páginas: 464
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