Sempre fui viciada em rock. Não foi influência de ninguém, nasceu comigo. Não me entendam mal, não é preconceito com outros estilos musicais, apenas rock sempre esteve na minha alma. Tenho Oasis gravado na pele e gostaria de riscar em mim todas as milhares de músicas que amo, mas as levo sempre no coração – e penduradas nos meus ouvidos. Queen não foi uma das minhas primeiras paixões – confesso. Porém, uma simples pesquisa pela discografia, anos atrás, fez a banda entrar para o meu top 10.

Quando vi notícias de Bohemian Rhapsody fiquei com um pé atrás. Lembrava dos diversos vídeos que vi de apresentações do Queen e não conseguia imaginar como alguém conseguiria dar vida a uma pessoa única como Freddie Mercury. Mas Rami Malek conseguiu. O filme inicia com o jovem Farrokh Bulsara (Freddie Mercury foi seu nome artístico) em seu emprego no aeroporto. O destino sempre encontra uma maneira de pôr no nosso caminho o que nos está destinado – é o que eu acredito – e assim foi com Freddie. Acompanhando todos os shows da banda Smile, estava no lugar certo e na hora certa, pois o vocalista havia deixado a banda. E assim, Freddie assume o posto de vocalista da banda que se tornaria Queen.

O filme trata da trajetória de Freddie, e como ele lidou com o sucesso da banda. Com uma história tão complexa, acredito que a equipe tenha feito um ótimo trabalho. Nada dos pontos mais importantes foi deixado de fora. Por vezes não na ordem cronológica exata, ou não com o aprofundamento que gostaríamos, afinal, estamos falando de um filme de pouco mais de 2 horas. Não consigo enumerar o que mais me tocou, se foram os momentos em que a banda estava imersa no processo de criação de clássicos do rock, ou se a felicidade de todos com o primeiro álbum, a primeira turnê, ou com coro de quase 100.000 mil pessoas cantando junto com Freddie no Live Aid. O filme nos emociona do início ao fim, nos torna íntimos de Freddie, quase como se pudéssemos conversar com ele, acalentar a angústia que o assolou por diversos momentos.

Apesar do nome ser de uma de suas músicas, o filme tranquilamente poderia se chamar Freddie, pois é todo sobre ele. Desde a dificuldade de convivência com o pai, o início da banda, o relacionamento com Mary (Lucy Boynton), a descoberta de sua sexualidade, sua irreverência, AIDS e seu relacionamento com Jim Hutton (Aaron McCusker), tudo foi abordado. Senti falta apenas de uma abordagem mais direcionada a interação da banda, além dos momentos que estavam em processo de criação ou no palco, mas como pontuei antes, impossível colocar tudo em um filme.

O lado musical do filme é simplesmente incrível. Escutar a voz de Freddie (Rami dublou as músicas, obviamente) junto com as imagens faz parecer que estamos participando de tudo, vendo algo completamente novo. Por falar em Rami, que atuação brilhante. Reviver alguém como Freddie Mercury, com todos os seus trejeitos, olhares e expressões não é para qualquer um. Na verdade, acredito que ninguém teria a capacidade de se conectar tão fielmente com o cantor como Malek. Impecável. Me faltam elogios para tamanho brilhantismo. Por sua atuação, o ator já levou pra casa o Globo de Ouro, SAG e BAFTA.

Somando cinco indicações ao Oscar (Edição de Som, Mixagem de Som, Melhor Montagem, Melhor Filme e Melhor Ator), estou torcendo e apostando na vitória em muitas destas categorias. Malek tem uma concorrência forte, com Christian Bale e Bradley Cooper, porém, na minha opinião, ninguém chega aos pés do nosso Freddie. Ano passado previ a vitória de Gary Oldman, será que acerto este ano novamente?

  • Bohemian Rhapsody
  • Lançamento: 2018
  • Com: Rami Malek, Lucy Boynton, Gwilym Lee
  • Gênero: Biografia, Drama
  • Direção: Bryan Singer

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